terça-feira, 5 de agosto de 2008

A FAMILIA CASTELO BRANCO

A FAMÍLIA CASTELO BRANCO
"Vinicius Barros Leal"

Publicada no Jornal “A Verdade” nº. 3.017 de 1991.

A família Castelo Branco não foi das primeiras a chegar em Baturité, mas ali já se encontrava no começo do século XIX. Veio de Quixeramobim, onde estava instalada com fazendas de gado.

O Patriarca do Clã foi o português Tenente Coronel Matias Pereira Castelo Branco, natural de Viseu. Vindo solteiro para o Brasil e aqui chegando nos anos trinta do século XVIII. Casou-se na Ribeira do Jaguaribe com Emereciana Barbalho, descendente dos Correia – Vieiras, gente das mais abonadas da região. O casal fixou-se nas terras da família que eram muitas, abrangendo fazendas e currais nas margens do sitia e do Quixeramobim.

Desse casamento nasceram onze filhos que por casamento se entrelaçaram com muitas outras famílias de criadores da mesma região. Os Pimenta de Aguiar, Saraiva Leão e Leitão foram os que mais constituíram união com os Castelo Branco.

Para Baturité e sua serra dirigiram-se os interesses da família, em vista da boa qualidade das terras propícias para a agricultura e também pela necessidade que tinham de possuir pastos salvadores dos grandes rebanhos, nas freqüentes e temíveis estiagens.

O Tenente Coronel aparece cedo nos registros eclesiásticos, testemunhando casamentos, apadrinhando filhos de serranos e também, nos deveres cívicos.

Dos filhos do Tenente Coronel o que mais influência teve em Baturité foi o Capitão Antonio Pereira Castelo Branco, nascido em 1750 e casado com D. Francisca Maria Leitão. Foram muitos os filhos deste casal, alguns participando ativamente da vida local, especialmente o Coronel Manuel Felipe, que casou em Baturité, com Isabel Gomes da Silveira. O sogro de Manuel Felipe, era um verdadeiro potentado, com muito prestigio político e social, o Coronel João Gomes da Silveira, filho do fundador da família Silveira, paraibano de Mamanguape, Capitão Luiz Gomes da Silveira.

Manuel Felipe tinha um temperamento inquieto e envolveu-se nos principais acontecimentos locais, desde os movimentos revolucionários de 1817, 1821 e 1824. Esteve sempre na dianteira dos que se rebelavam e protestavam contra a situação corrente. Por isso, sofreu sérias conseqüências minorizadas por sua habilidade e astúcia. Teve querelas e atritos com muitos elementos conservadores de seu partido e brigou até com o respeitável vigário. Este, vingava-se, anotando nos livros de registros os ápodos do truculento paroquiano. Sempre que era necessário referir-se ao nome de Manuel Felipe, o Sr. Vigário acrescentava a zombaria “Castelo no ar”.
Manuel Felipe, inteligente e de algumas letras, gostava de fazer versos de natureza política e divulgava-os como podia. João Brígido, em “Ceará – Homens e fatos”, cita alguns. Um deles, tendo como mote “todo corcunda é malvado”, mexe com muita gente do Ceará inteiro, até com parentes do autor, residentes nos Inhamuns e ligados à importante família Feitosa.

Dos filhos de Manuel Felipe o que mais influência exerceu em Baturité foi o Tenente Coronel Pedro José nascido em 1818 e falecido em 1877. Este foi de fato, o maior chefe político de Baturité no século passado. Muitas vezes presidiu à Câmara Municipal e faleceu deputado Provincial. Tinha o apelido de “Pedro Cru” e foi casado com uma sobrinha, filha de seu irmão José, D. Teresa Antonia. Deste casal descendem muitos baturiteenses de projeção. Foram seus genros os comerciantes João Correia Lima, Balduino José de Oliveira, Porfírio Gurgel do Amaral, Francisco Bezerra de Menezes Soares, o professor Manuel Egídio da Costa Nogueira, desses casais sendo descendentes os Taumaturgos, Pinheiros, Falcões, Severiano Maciel, Paiva e Silva, Soares Arruda, Matos Brito e tantos outros. O ministro Waldemar Falcão, o advogado Lauro Maciel, Érico Paiva, o Coronel Mário Ramos, os irmãos Luiz e Carlos Soares Arruda são descendentes de Pedro José.

A família foi proprietária de sítios na serra, sendo as melhores glebas as que conservam os mesmos nomes de Salvaterra e Correntes, nas margens do riacho cruz, terras que se estendem até perto de Mulungú.

Os Alves de Carvalho também se ligam aos Castelo Branco.

Outros filhos de Manuel Felipe originaram novas famílias, sendo Venâncio Castelo a que maior destaque teve, com propriedades de grande produção de café. Por sinal, foi o velho tronco familiar, Manuel Felipe, quem trouxe a rubiácea para a serra.
A família cresceu tanto que extrapolou as fronteiras municipais e estaduais. Não há, no entanto nenhuma ligação com a família do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, proveniente do Piauí onde se instalou o nobre lusitano que veio dirigir aquela Província.

Também de Manuel Felipe foi irmã D, Teresa Antonia que casou com o primo João Batista da Costa Coelho, e deste casal foi filho o Dr. Antonio Benicio, Juiz da Comarca, progenitor de grande e ilustre família conterrânea.

Manuel Felipe teve dois outros filhos, José Pereira e Alexandre, que muito concorreram para o povoamento da região, chefes que foram de novas famílias que se entrelaçaram com as mais tradicionais da região do maciço.