quarta-feira, 28 de abril de 2010

Estrada do Candéia com saída para Acarape(Redenção)

Sessão da Câmara de 12/12/1830 - O Senhor Castello Branco fez a seguinte indicação: Proponho que se abra ua nova estrada para a Capital da Província visto estando em distância de quatorze légoas a atual estrada obriga se andar vinte e seis. Tem se já feito as indicações precisas talvez porém com o meter se mãos a obra é natural que se conheça ainda mais vantajem que a que se imagina, mais quanto e de maior utilidade já se pode conhecercom a simples narração da direcção que se deve tomar, pois não pode poupar menos que oito légoas de caminho. Portanto, proponho que se tire ua estrada em linha recta do tombo da serra que temos em frente para o lado do Candéia e que dahí vá em linha recta para o Riachão do Panta e depois siga pella planice que fica entre a serrinha dos Criôlos e a serra do Logola e vá ter ao Acarape de sima donde deve em seguimento ir ter ao Ubú e seguir sempre plana até a cidade de Fortaleza. Tudo está fallando a favor desta nova estrada porque também evita os rios que no inverno vedão os passos aos passageiros e negociantes e correios e lhes fornece melhores e mais abundantes águas para os misteres da vida e dos Transportes, finalmente a sua utilidade não precisa ser sustentada por argumentos mui principalmente perante a Câmara Patriota. Monte Mór 10 de dezembro de 1830. Manoel Felipe Castello Branco

A vista da indicação do Senhor Castello Branco acordou-se em mandar fazer a sindicação precisa para se conhecer se pode ou não abrir a nova estrada e que vantagens offerece.

Offereceu-se o Senhor Castello Branco para ir pessoalmente fazer esta indagação com duas ou trez pessoas, fazendo a Câmara a dispeza com as sobreditas pessoas.

Acordou-se em asseitar o oferecimento gratuíto do Senhor Veriador e que elle procurasse pessoas que mais convenientes achasse para o dito fim ficando a Câmara sujeita a satisfazer as dispesas que fizesse com o guia e trabalhadores.

domingo, 11 de abril de 2010

Leonardo Castelo Branco - Herói da Batalha do Genipapo

Obs: A Familia Castelo Branco do Ceará é originária de 2 Portugueses: do Piauí de Francisco da Cunha Castello Branco e do Ceará de Matias Pereira Castello Branco.
Abaixo, transcrevemos a biografia de Leonardo Castelo Branco, Piauiense, descendente direto de Francisco da Cunha Castello Branco.

Marcus Silveira Castelo Branco.


Leonardo Castelo Branco.

Para se falar de Leonardo Castelo Branco tem-se que retroceder na história até século XVIII pesquisando-se por diversos historiadores que mostram divergências, não sendo o momento agora propício para essa análise, porém se conclui que o estudo da história e da genealogia não é obra acabada.

No livro: "A mística do Parentesco" do escritor e amigo Edgardo Pires Ferreira , no volume 4, encontramos que Leonardo é descendente do patriarca da família Castelo Branco no Brasil, o português Francisco da Cunha Castelo Branco que viveu e faleceu em São Luiz do Maranhão, tendo sido Capitão de infantaria do exército português. O autor cita ainda que mesmo sem documentos em cartórios, em 1700, este português recebeu uma sesmaria em Sto. Antonio do Surubim , hoje Campo Maior.

Leonardo, segundo o escritor Herculano de Moraes em seu livro: "Visão Histórica da Literatura Piauiense", 1ª edição,1997 diz:
"nasceu em 1788 na Fazenda Limpeza, na época pertencente à Vila de São João da Parnaíba, mais tarde integrada à Freguesia de Barras e , hoje, incorporada ao patrimônio do município de Esperantina".

Ao nascer recebeu o nome de Leonardo de Carvalho Castelo Branco. Era filho de Miguel Carvalho, fazendeiro e agricultor, e de Dona Anna Rosa Clara Castelo Branco. A mãe dele era sobrinha de seu pai sendo filha de Anna Rosa Pereira Tereza do Lago (tia de Leonardo).

Pelo casamento dos pais de Leonardo se constata a junção das famílias Castelo Branco e Carvalho, no Piauí.

Herculano diz ainda sobre Leonardo:" seu avô paterno, o Capitão-Mor Antonio Carvalho de Almeida, português da Vila de Linhares, foi o primeiro habitante do lugar que se transformaria no município de Batalha...

Desbravador, em 1706, deixa o local e constrói casa no outro lado do rio fundando ali a fazenda Taboca". Mais tarde, em 13/07/1739 seu filho Miguel de Carvalho e Silva (o pai de Leonardo) sendo legítimo herdeiro recebe o Sítio Boa Esperança com a fazenda Taboca.

Casou-se Leonardo com Judite da Mãe de Deus e, na Fazenda Limpeza, onde construiu casa e viveu com seus 9 filhos. Essa casa sucumbiu devido o abandono de seu proprietário que se dedicou as causas políticas.

A família de Leonardo foi constituída de grandes fazendeiros e de notáveis intelectuais e poetas tendo ele vivido em ambiente propício ao encontro das letras e cultivo das artes. O pai de Leonardo, Miguel de Carvalho, foi educado em colégio de Jesuítas tendo, dessa forma, repassado aos filhos uma educação humanística. Leonardo aprendeu português, latim, geografia, física e matemática.

O ambiente físico vivido por Leonardo é comentado por Herculano que diz: "viveu a paisagem humana e natural de suas nascentes, conheceu cada palmo do meio ambiente onde nasceu e viveu a geografia física do meio, a psicologia do caboclo".

Como se observa, Leonardo teve de um lado, um ambiente familiar, entre intelectuais e poetas; do outro, um ambiente ecológico cheio de plantações e gado, acrescidos pela convivência do homem trabalhador do campo, "o caboclo", sendo motivos suficientes para que ele tivesse desenvolvido sua tendência de escrever, de fazer poesias e prosas.

Analisando bem essas influências na mente de Leonardo, o escritor João Cabral, um dos primeiro historiadores literários, em seu livro "A visão Poética na Literatura Piauiense" comenta: "vê-se que a natureza privilegiada influiu decisivamente na formação daquela mentalidade ardente e caudalosa".

Leonardo aparece sempre junto a seu amigo Ovídio Saraiva em críticas de análise de historiadores que mostram como participantes do 1º período literário formado por uma geração cognominada de literatura popular e de terra com marca trovadoresca. Eram quase da mesma idade e tinham em comum: a origem portuguesa; nasceram ambos na Vila de São João da Parnaíba; tendências a liderar os que se consideravam libertinos e injustiçados; convivência com mocidade barulhenta e cheia de muita energia.

Tinha Leonardo 20 anos, na época em que o arcadismo sofria mudanças estruturais devidos o surgimento de uma nova filosofia que queria de volta a literatura de gregos e latinos.

A obra principal de Leonardo foi "A criação Universal", publicada no Rio de Janeiro em 1856 contendo 4.247 versos repleto de informações sobre mecânica e astronomia onde o autor, filosofando, tentou explicar investigações científicas para solucionar o problema do motor contínuo. Foi considerado o primeiro poeta brasileiro a fazer experiências de linguagem científica na poesia devendo isso a seu espírito criativo.

Essa obra é considerada como religiosa e explicativa das coisas do mundo nos deixando perceber a mente do autor voltada para um pensamento além dos chamados olhos d'alma a descrever o momento transcendência de sua própria alma que filosofando reconhece que existe o infinito e o plano do Divino Mestre. Talvez tenha escrito após conversa com Deus, em momento que se escuta o invisível no visível.

Escreveu outras obras menores, como: "Monólogo", poema que retrata o sentimento por liberdade diante do grito da Independência; e mais ainda "O ímpio confundido" e o “Santíssimo Milagre".

De um modo geral, Leonardo sofre, duras criticas de historiadores que dizem que ele não tinha qualidades de poeta e prosador e que sua obra foi publicada fora do Brasil.

Finalmente, João Pinheiro apresenta uma justificativa e diz: "a época em que foram publicados os Poemas de Ovídio Saraiva e a Criação Universal de Leonardo Castelo Branco, não havia literatura no Piauí, nem a menor possibilidade disto, em virtude de quase inexistência de escolas, jornais, bibliotecas e até mesmo de leitores".

Por que então quanta exigência em analisar o poeta e prosador?

Ainda bem que Herculano após estudos procura encontrar as virtudes comentando: "Leonardo o primeiro poeta brasileiro a tentar a poesia científica, escrevendo um longo poema, à moda dos épicos, aculubrando sobre o movimento de rotação da terra, a viela dos astros e sua influência no comportamento humano, a criação do homem e de Deus".

Além de poeta e prosador, Leonardo teve seu nome na história devido seu posicionamento político. Foi um homem notável pela sua rigidez de caráter e grande inteligência tendo vida atribulada e aventureira.

Na condição de homem destemido e possuidor de grande liderança tentou expandir o movimento da Independência do Brasil e esteve a frente da Batalha do Jenipapo em 1823, em Campo Maior, na qual morreram muitos brasileiros. Nessa ocasião, comandou verdadeira tropa em direção à Caxias do Maranhão levando criadores, fazendeiros, agricultores, domésticos desocupados e alguns soldados indo contra os objetivos Fidié.

Foi preso e levado para São Luiz - Maranhão e mais tarde transferido para Limoeiro em Portugal.

A vida é mesmo contraditória. Leonardo lutou contra injustiça ao seu povo e foi preso injustamente. Ele perdeu tudo aquilo que tanto batalhou para oferecer ao homem do campo: o aconchego familiar, o trabalho e a liberdade.
Entretanto, Leonardo foi homem de muita fé e com ações voltadas para Deus.

Seu espírito revolucionário talvez seja uma consequência da não aceitação da injustiça ao "caboclo", homem do campo com quem conviveu logo tempo tratando a todos com humanidade. Via a injustiça como algo desumano.

Desconhece-se alguma atitude dele contrária ao Bem.

No meio do sofrimento, como prisioneiro, soube recorrer à proteção de Nossa Senhora das Dores e prometeu-lhe quando liberto, mudaria o nome em sua honra e assim cumpriu, Quando recebeu a liberdade, com 35 anos, passou a chamar-se Leonardo de Nossa Senhora das Dores Castelo Branco.

Em 1833, após período de agitações políticas deixa o Piauí e vai estudar, em Lisboa, mecânica e astronomia onde dedicou-se a construção de um mecanismo de moto-contínuo tentado anteriormente por outro cientista. Apesar de ter estudo 10 anos, não recebeu nem um diploma o que lhe prejudicou muito quando voltou ao Brasil.

Morreu em 12/06/1873, com 85 anos, em Barras, no sítio Barro Vermelho sendo considerado um herói e o principal revolucionário da Batalha do Jenipapo.

OBSERVAÇÕES: Leonardo Castelo Branco é Patrono da Cadeira Nº 33 da APAL - Academia Parnaibana de Letras , ocupada por Yeda de Moraes Souza Machado a partir de 06/10/2009.
yedamsm
Publicado no Recanto das Letras em 21/09/2009
Código do texto: T1822031.