segunda-feira, 27 de novembro de 2023

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segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Pedro Catão por Mário Mendes Junior.

O Romance da Minha Vida Publicado em janeiro 7, 2015 por Maninho Comentar O ROMANCE DA MINHA VIDA Pedro Catão Baturité 1947 A primeira das virtudes é a dedicação à Pátria. Napoleão Bonaparte PREFÁCIO Mario Mendes Junior Amante de documentos antigos, principalmente se relacionados a Baturité, numa visita à minha prima Augusta Naurício, esta me presenteou, dos arquivos de seu pai, Dr. Pedro Wilson Mendes, a autobiografia do historiador Pedro Catão. Datada de 1947, escrita do próprio punho do Historiador de Baturité, Pedro Wilson, recebeu o documento para, talvez, escrever o prefácio. Em meu poder, entreguei o original ao Edson André, o guardião da História baturiteense. Da minha parte resolvi publicá-la no blog www.maninhodobaturite.com.br., para conhecimento geral da raridade. Quem se der ao prazer de ler a obra, na certa, se encantará com a intelectualidade do autor. De outro modo lamentará a falta da biografia do Pedro Catão adulto. Essa parte da vida do intelectual, se ele realmente escreveu sumiu no denso nevoeiro do tempo. Restou o tempo vivido pela criança. Neste o leitor verá submergir, nas entrelinhas, um mundo de subsídios essenciais para quem se dedica à micro história e a genealogia das famílias nordestinas. ANTELÓQUIO Ao transpor o marco miliário anual da 74ª. Viagem em derredor do Sol, na minha já longa jornada terrena, embora obscura e cheia de decepções e desencantos, lembrei-me de registrar algo dela como o meu precário testamento da vida, semelhante ao célebre conhecido humorista (Rabelais) assim resumido: - “Nada possuo e devo muito: – o resto deixo para os pobres”. Já que não posso ter consolação do trágico Esquilo, quando exclamou em idêntica situação: – “Morro; mas a minha obra e o meu exemplo sobrevivem.” O que equivale a dizer: – Morri para viver mais! Ademais, não se trata de uma obra doutrinária, ou mesmo de um livro de arte propriamente dito, senão de rápidas anotações de um canhenho autobiográfico. Sem aspiração aos lauréis ou a convicções – uma simples narrativa prestada como um mero depoimento pessoal. Efetivamente, assim se deve pautar, a nosso ver, esta filantrópica literatura introspectiva, ou automemorial, malgrado ao que com justeza lhe objeta o genial Padre Antônio Vieira: – Ninguém há tão reto juiz de si próprio que, ou diga o que é, ou seja, o que diz. Entronca-se ela no místico autor na “Cidade de Deus”, o glorioso Santo Agostinho desenvolvendo-se em Goethe e J. J. Rousseau e entre nós com Paulo Setúbal na sua já laureada obra póstuma “Confiteor”, e no primoroso Humberto de Campos fazendo, de seus revezes de lutador, desajudada fonte perene de ensinamentos e consolação para os que o lêem e bendizem-no. Por outro lado, considero o natalício – mormente após o cinqüentenário como em verdade ele o é – um afastamento do berço, onde tudo é riso e avanço ao túmulo, onde tudo é misterioso e sombrio, e por isso encaro-no sempre com melancolia e sem festa, e tão somente pelo muito que nele sofri e o pouco que aprendi, assim o catalogo! O Douto escritor platino José Ingeniéros divide a idade humana em três estágios: – A idade da espécie, que vai da primeira infância ao raciocínio desenvolvido; a idade social ou adulta, e a idade individual da mentalidade experiente do ancião que por fim exausta tende regressar à primeira. Mais incisivo e simbólico é ainda o interessante apólogo do imaginoso publicista pátrio, cujo nome de pronto não me recordo, e que também de memória passo a recompor. Quando o Onipotente saiu a distribuir as idades pelas espécies animadas, elegeu o homem, como animal superior o rei da Criação, e deu-lhe a longevidade de cinqüenta anos para gozar o seu reinado! Depois se dirigiu ao burro e concitando-o a reconhecer àquele soberano, deu-lhe quarenta anos para assim obedecê-lo e servi-lo, carregando-o e às suas coisas. O asno então reclamou tão longo o ciclo de servidão – e pediu se retirasse ao menos um decênio no que foi imediatamente atendido. Em seguida encaminhou-se o Criador ao cão e exortando-o ainda àquela vassalagem ao homem, a quem deveria fielmente defender e por sentido ao seu lar e seus bens, deu-lhe quarenta anos de existência, que o cão também achou pesado, e exorou abatimento de um decênio sendo deferido. Enfim chegou Deus ao mono, recomendando-lhe igualmente sujeição ao homem, a quem deveria agradar e divertir durante quarenta anos de vida que lhe concedia, e que também arrazoadamente implorou subtração de dez anos. O homem então solicitou lhe fossem outorgados aqueles decênios que os outros haviam abdicado, sendo-lhe isso lhe concedido. É por isso que o homem só é realmente pleno e integral no gozo da vida até o cinqüentenário; dos cinqüenta aos sessenta é burro de carga; dos sessenta aos setenta é cão que bota sentido à casa, às filhas moças e aos bens; e de setenta em diante e símio, cuja hilaridade diverte!.. Eu, como se vê, já atingira esta última, faze, a do macaco! Acordei, portanto tardiamente… já bem longe e esquecido dos sonhos, de que bem canta o poeta: “Morre um afeto, outro nasce, Passa um desejo, outro vem; Depois de um sonho, outro sonho, “De tantos que a vida tem”. Meus afetos nunca morreram, mas os meus desejos também jamais passaram, nem se cumpriram! Não houve sonhos, ou melhor – só houve sonhos, mas sonhos tristonhos! ANTECEDENTES 1868 - 1888 Nasci nesta tão malograda quão pouco amada cidade de Baturité, antiga Vila de Monte Mor o Novo da América, Estado do Ceará (EUB) no prédio urbano, no. 86 atual, (ex-18) da Rua 15 de Novembro (então do Comércio) às 10 horas e dezoito minutos antemeridianas, do domingo 26 de Abril de 1868, dia consagrado pelo Credo Católico a São Pedro de Rates, mártir, 1º. Arcebispo de Praga. Baturité é topograficamente situado no sopé da vertente oriental da Serra que lhe dá o nome, e que significa serra por excelência (da corruptela de ibi terra, tira alta, serra, e o superlativo eté, segundo o Des. Paulino Nogueira), sobre um pequeno platô, circundado por dois regatos algo perenes, Aracoiaba e Putiú e pelas cordilheiras e colinas da citada serra, tendo assim o aspecto pitoresco e risonho de um Oasis. Lembra vagamente com seus coqueirais, laranjais e mogunbeiras, e suas ermidas e casaria brancas, as praias de Olinda, ou a baía de Vitória! Em 1864, um século após a instalação da Vila, vinte e três anos após a criação da Comarca e seis depois da elevação à cidade meu pai chegou a Baturité como Juiz de Direito, vindo do Icó, donde já tinha vindo aquele mister, de Pernambuco, seu Estado natal. Cerca de três anos depois de sua chegada aqui meu genitor enviuvou e ligou-se a minha mãe também viúva sem filhos, nascendo eu em 1868, como já se disse, e como primeiro rebento da segunda geração de cada um, e de ambos. Nota-se a priori o predomínio do algarismo oito e seus múltiplos no fato do meu nascimento, tal qual o meu nordestino – Estado que têm nesse número quase sempre as suas principais crises climatéricas, justificando o rifão já nele popularizado: – No Ceará é oito, ou oitenta e oito… Conto precisamente hoje (26 de abril de 1942) setenta e quatro anos de existência mundial, ou seja, 888 meses (74×12). Convertendo para dias, e atento às alterações do calendário, inclusive 17 bissextos, somam 27.023, ou seja, 648.672 horas, donde há deduzir a fração do dia inicial (10 horas e 18 minutos); ao todo 3.891.314 minutos. Mas como durmo calculadamente oito horas diárias, este tempo fica desfalcado de um terço, pouco mais de 24 anos, e assim reduzido a 50 anos, si bem que seja aquela talvez a melhor porção da minha existência! Segundo horóscopo astrológico que, há anos, a gentileza de um amigo mandou levantar em centro exotérico, o céu da minha natividade astral tinha o Sol no signo de Taurus, a Lua e Venus em Gemini e o planeta Saturno, como governante e ascendente, em Sagitário, sendo este planeta em nada propício, acrescentam os entendidos, aos que nele se iniciam neste vele de lágrimas. Do mesmo passo não eram também lisonjeiras as antevisões deduzidas das condições fisiológicas do meu natal: meu Pai, que começava comigo o primeiro rebento dos três da segunda prole, tinha àquela época 53 anos, pois nascera em 1815, e minha mãe 38, porquanto era do fim de 1830. Sou filho, portanto, da árvore já idosa e trabalhada, ou esgotada. Aparentemente, no entanto, fui uma criança forte e sadia e de peso regular, não obstante não ter educação física cuidada, e durante minha infância apenas me abateu o sarampo. Minha cor morena e pálida e meu temperamento acentuadamente linfático, nervoso e bilioso, fizeram-me taciturno, pouco expansivo e tímido, algo irresoluto, o que tornou falhas a maioria dos meus tentames, apesar de certa ascendência espontânea sobre meus coevos Era meu supra dito genitor louro de olhos azuis, estatura acima de mediana e como magistrado, exercia as funções de Juiz de Direito da Comarca a cujo múnus, além da família, exclusivamente se devotava. Tinha sido um moço ardoroso democrata tomando parte na revolução pernambucana de 1848, chamada Rebelião Praieira, com Nunes Machado e Pedro Ivo, e sendo obrigado por isso, e com fracasso dela, a se foragir na Europa, morando nove anos em Paris, até 1857, quando alcançando anistia regressou ao Brasil, ingressando na magistratura. Já sendo formado em Direito pela Academia de Olinda, seu berço natal, naquele interregno, de seu exílio, conquistou mais o diploma de bacharel em ciências fisícas e matemáticas e outro em medicina, profissões de que pouco uso fez, tendo, contudo formulado um preparado farmacêutico para reumatismo (pílulas caninana) e um tratado em autógrafo sobre o cálculo infinitesimal, conforme ouvi em família. E foram tais, parecem, as desilusões que sofreu naquela empreitada cívica, que arrefeceu quase de todo em política, se dedicando à progênie – seis filhos do primeiro leito, e eu e duas meninas do segundo, principalmente a mim único varão, a quem passava horas inteiras bordando preleções empíricas, abeberadas talvez em Flamarion, para me incutir com aquelas fantasiosas noções elementares de ciência matemática astronômica. Era igualmente um espírito construtor e progressista, assim se revelando desde a Academia, onde muito se esforçou pelo incremento da Biblioteca deste estabelecimento, merecendo por isso encômios de Clóvis Beviláqua na sua “História da Faculdade de Direito do Recife.” No Icó, cidade que florescia por esse tempo com a láurea de princesa dos Sertões, realizou com outros a edificação de um Teatro tomando por modelo o Santa Izabel do Recife. Aqui, logo que chegou foi distinguido com o cargo de Presidente Honorário de uma associação literária da terra, intitulada Phoenix dramática e consagrada a este gênero. Minhas irmãs unilaterais secundavam carinhosamente meu Pai na minha educação infantil, encaminhando-a para a piedade cristã, ensinando-me preces e hinos, xácaras e lendas, como o de Santa Iria, Santa Genoveva e outras. Minha Mãe era como eu, de cor morena, olhos castanhos escuros e cabelos pretos e crespos e, sertaneja inculta e nordestina cearense, era extremada até o sacrifício na afeição maternal, sem, contudo, abdicar de usar do castigo corporal, que ela, como Gabriel de Tarde, julgava indispensável na educação humana, e o sábio Salomão já preconizava nos provérbios bíblicos (Cap.19 v.18 e 29 v.15). Seu pai, dela, e meu avô materno, uma vez única, quase de relance passaram por nossa casa, de viagem emigrando de Quixeramobim, onde residia, para Fortaleza, na seca de 1877, quando faleceu. Sei igualmente que se imiscuíra no levante confederado de 1824, sendo preso na Paraíba com o Major Luis Rodrigues Chaves, quando seguiam como emissários dos republicanos cearenses para os de Pernambuco. Pouco conheço, conforme se colige, da nossa genealogia, o que entre nós é quase generalizado. Sei, no entanto, pelo que colhi no lar, que entre meus antepassados houve um batavo de proporções agigantadas, que viera para o Brasil ao tempo de Nassau, e aqui ficara jungido por interesses pecuniários, após a evacuação daquele valoroso povo do nosso torrão. Ainda hoje em nossa família atavicamente surdem indivíduos “arranha céus”, como repercussão daquele avoengo, que era extremado republicano (impulsionado talvez pela aversão aos vencedores) e de que, seguindo a tradição, o meu avô paterno se envolveu nas sedições de 1817 e 1824. Foi a esse tempo que, de acordo com o uso de cognome patriota de guerra, os companheiros apelidaram-no de Catão pela sua austeridade, e que por fim absolveu o nome patronímico da família. Ultrapassados os seis anos de idade fui matriculado numa escola pública primária das duas que existiam antanho na cidade para o sexo masculino afora duas para o feminino. A aula funcionava em uma sala, cujo quadrilátero correspondia a duas portas das quatro de frente do prédio baixo, e ainda hoje obsoleto, da Rua Sete de Setembro atualmente numero 60, sendo as demais dependências ocupadas pelo professor e sua família. O teto em telha var, sem forro, e o pavimento de tijolo de ladrilho, com paredes laterais branqueadas a cal, e uma barra de alcatrão no sopé. Apinhavam-se nela em fila bancos toscos de madeira dura e áspera e alguns quadros negros aos flancos. Em um destes havia um cântaro de barro com um caneco enferrujado, para a dessedentação dos alunos. Uma mesa de cedro sobre pequeno estrado com uma escrivaninha ao centro, uma fixa de madeira para senha dos que saiam sob licença e uma palmatória, que, como da praxe, era enfeitada nas festas escolares pelos tímidos. Como adorno um quadro místico do Calvário, ladeado por duas bandeiras cruzadas: uma pintada de verde e amarelo, (aberta), e outra de encarnado e azul, (cerrada), dos partidos – grego e asturiano –, respectivamente, que se emulavam aos sábados em argumentação predeterminada, triunfando o que reunisse o maior número de quinais sobre o adversário, rodeando vitoriosa a escola manifestação com o estandarte desfraldado, cantando o hino do trabalho, enquanto seus contrários ficavam detidos ao lado de seu pendão fechado. Este sistema suprira em parte as cruezas dos anteriores argumentos e sabatinas a bolos rigorosos de palmatória, que tanto amedrontava aos timoratos, alem das malquerenças e vinditas seqüentes. Foi ainda ele transmudado por outro, a reclamos dos meninos aplicados, que eram prejudicados pelos legionários desidiosos que não estudavam: O Professor habilmente transformou os partidos pelas denominações de forte e fraco, sendo sempre forte o que ganhava ou mesmo empatava com seu páreo. Quando transpus o limiar daquele recinto senti-me atônito ao lado da mucama, que me conduzia com a guia aonde vinha a minha individualização escrita por meu pai para a respectiva matricula. O Professor recebeu-a, fez-me uma carícia e começou a transladá-la para um livro, enquanto aguardávamos de pé. A meninada olhava-me de soslaio, ora gentil ora ridente, como quando me via de merenda, que lhe podia dar, e ora zombeteira e hostil, como quase sempre, quando nada tinha a lhe ofertar, até que terminada a inscrição, a mucama foi despedida e eu incorporado, tomando assento amedrontado em um dos bancos, que me foi indicado. Foi assim, pode-se dizer o primeiro contato do mundo exterior que tive. E, não obstante, tão depressa no seu convívio assimilei a sua desenvoltura, que logo depois fui por eles mesmos alcunhado de Malasarte. O labor escolar era antanho nos dias uteis (salvo às quintas feiras) no horário de dez da manhã às duas da tarde, sem qualquer trégua ou recreio (Hoje se diria das dez à quatorze do dia): Era ele saudado ou iniciado ou saudado por um hino e finalizado por outro, sendo ainda admitido estudar tabuada e o silabário cantarolando melopéias corais, sob fundamento do cântico auxiliar a memória e facilitar a decoração; Das dez às onze era consagrado o tempo à caligrafia, das onze às doze à aritmética ou contas, em frente aos quadros negros, o resto às lições decoradas de catecismo e gramática e a leitura em compêndios de ensino moral e de história da pátria, sendo às quartas feiras um curso de letra manuscrita. Não se cogitava de educação física ou higiênica, limitando-se esta última apenas a exposição das mãos abertas em palma ao Professor para prová-las asseadas e de unhas aparadas. Havia vestígios do antigo regime de ensino mútuo de decuriões ou monitores, coadjuvante cognominado de método de Lencastre, decretado pela velha lei de 1827, que estabelecia os castigos corporais, concretizados em bolos ou pancadas de férula, prisões, segregações, posições e atitudes humilhantes e ridículas etc. Além das férias anuais, em dezembro, e dos domingos e santificados, comemorava-se apenas o Sete de Setembro, data da Independência Nacional. O trabalho apesar de menos lisonjeado, era mais cultuado e praticado! (ESPAÇO EM REFERENCIA A PAGINA 18 FALTANTE DO TRABALHO MANUSCRITO) …moço competente e igualmente zeloso, porém tuberculoso, tendo falecido com pouco tempo de exercício sendo sua vaga ocupada por seu irmão Juvêncio da Costa Lobo, também competente e compenetrado, mas afetado da mesma moléstia. Embora tanta precariedade e contratempos, aproveitei e progredi, e meu pai exultou, quando com três semanas de freqüência escolar apenas, deletrei com correção os letreiros ou dísticos dos estabelecimentos das vias urbanas. E foi talvez a última emoção que lhe proporcionei, porquanto insidiosa congestão cerebral logo empós o arrebatou ao túmulo, em 12 de janeiro de 1875. Não compreendi de súbito a profundeza do golpe que me fulminara, mas ao sentir, noites depois do vácuo tenebroso da minha orfandade, prorrompi em soluços lancinantes acompanhado das minhas irmãzinhas e de minha Mãe, que debulhada em pranto embalde procurava nos confortar. Foi aquela em verdade, a noite do meu infortúnio, que ainda hoje se prolonga intérmina e caliginosa. Para maior desventura sobreveio-o ao Ceará a mais solapadora crise dos seus anais, que o assolou devastadoramente e o flagelou três longos anos. Minha Mãe, viúva pobre, lutou heroicamente para nos manter, auxiliada pelos meus dois cunhados casados com irmãs do primeiro leito, que sucessivamente se sucederam em nossa tutela, e cuja honradez e amor ao trabalho e ao dever muito me exemplificou. Passada aquela tremenda provação, que tudo anormalisou, completei o curso primário, única instrução que recebi por intermédio de terceiro, alem de seis meses de aula particular dos Professores José Remígio de Freitas e Cícero Pordeus, com que anos depois (em 1892) fiz preparatório no Liceu Cearense. Fui como se vê perfeito autodidata. Assim alfabetizado entrei também para a oficina do semanário local (“O Baturité”) que era redigido pelo meu cunhado Amaro Cavalcante, então Professor de latim e Advogado, a guisa de aprender aquela arte gráfica, mas com o intuito de melhorar as condições de um jornaleco manuscrito (O Papagaio) que mantinha com outros camaradas para discutir com o “Diabinho”, de Francisco Ayres de Miranda, (que morreu Capitão de engenheiro do Exército Nacional,) a moda do que se dava com os homens e frações partidárias da terra. Com efeito, o jornaleco transformou-se logo para letra de forma já com novo título “O Torpedo” e depois “Zuadelo”. Tínhamos ainda um grupo dramático anexo, que encenava os dramalhões de capa e espada em voga (“A Cruz do Juramento, “Antônio O Pirata” e outros) que uma associação de mancebos da cidade elevava o proscênio, e eu resumia de memória e transmudava para o nosso repertório. Depois fundamos uma congregação cultural, sob égide de “Instrutora Juvenil”, que homenageava as datas pátrias e apreciava em júri os seus vultos e fatos históricos e até aos mundiais. Com o movimento e questões sociais. Lembro-me que foi bastante calorosa a discussão sobre o feminismo ou sufragismo, então em foco na Inglaterra, com as exacerbações espetaculosas de Luísa Michel e outras paladinas. Eu liderava uma corrente… Publicado em Filhos de Baturité, Informes | Marcado com Pedro Catão

Baturité do Passado Major Pedro Catão

Conforme Ananias Arruda (A Verdade 26/04/1952) Pedro Catão se tornou um católico praticante, encontrando conforto espiritual na velhice. Foi Prefeito de Baturite, no período de dezembro de 1928 a outubro de 1930. Foi jornalista, advogado, vereador e promotor publico. Publicou uma novela da escola romântica: A Serrana, perfil de Mulher. (Pedro Catão). Foi um dos redatores do Jornal OITENTA E NOVE. Foi com Pedro Sombra e o Dr. Pedro de Queiroz, diretor do jornal O TEMPO, surgido em 14 de marco de 1889, literário e noticioso, cognominado o Jornal dos Pedros. Em 25 de marco de 1891, apareceu o Jornal O SECULO sob a direção de Dr. Manuel Estelita Cavalcante Pessoa, Candido Taumaturgo e Pedro Catão, e que existiu ate fevereiro de 1893. Publicou MEMORIA HISTORICA, GEOGRAFICA E ESTATISTICA DE BATURITE.

Baturité do Passado José Augusto Pinheiro

Baturité do Passado Hotel Canuto

Baturité do Passado Jornal A Verdade

Baturité do Passado Jornal A Verdade

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Primeiras Vilas do Ceará

VILAS INSTALADAS NO CEARÁ A criação das vilas também estava relacionada à preocupação em aplicar a justiça e do controle social das populações, na medida em que tais vilas serviriam para as autoridades policiarem as populações e administrarem as áreas próximas. Ceará em Fotos e Histórias: A Instalação de Vilas no Ceará (cearaemfotos.blogspot.com) 1 Aquiraz (Vila de São José do Ribamar) 13/02/1699 A 27 de junho de 1713, agora sob fortes protestos dos moradores da fortaleza, a vila foi definitivamente instalada em Aquiraz. Por esta razão muitos consideram Aquiraz a primeira capital do Ceará. A decisão de instalar a vila em Aquiraz não foi das mais acertadas. www.fortalezaemfotos.com.br/2015/04/a-instalacao-da-vila-de-fortaleza.html 2 Fortaleza (Vila de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção) 13/04/1726 Os Limites entre as duas vilas cearenses, São José de Ribamar do Aquiraz e Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção eram estabelecidos pelo riacho Precabura: o que ficava a leste do riacho até Aracati ou Mossoró, era Aquiraz; o que ficava a Oeste até a Ibiapaba, era Fortaleza. É dessa época, mais ou menos, a primeira planta da capital cearense, descoberta pelo historiador Padre Serafim leite e publicada no 3° volume de sua História da Companhia de Jesus no Brasil. www.fortalezaemfotos.com.br/2015/04/a-instalacao-da-vila-de-fortaleza.html 3 Icó (Vila do Arraial da ribeira dos Icós) 04/05/1738 Moradores da Ribeira do Icó solicitação a criação da vila e apoiada pelo desembargador Marques Cardoso, a criação da vila foi resolvida pela Ordem régia de 17 de outubro de 1735, em consulta do Conselho Ultramarino, mandada por em prática por Provisão de 20 de outubro de 1736, expedida ao Governador e Capitão-General de Pernambuco, sendo a instalação em 4 de maio de 1738, pelo 4º Ouvidor do Ceará Vitorino Pinto da Costa Mendonça, com o nome de Arraial da Ribeira dos Icós. www.lhs.unb.br/atlas/Vila_de_Ic%C3%B3 4 Aracati (Vila de Santa Cruz do Aracati) 11/04/1747 No ano de 1747, na região próxima ao rio Jaguaribe, foi estabelecida a Vila de Santa Cruz do Aracati. Essa criação ocorreu por meio de uma carta régia que determinou a fundação da vila e escolheu o local para sua instalação, conhecido como Cruz das Almas, ao sul do antigo povoado. O responsável por implementar essa iniciativa foi o ouvidor-geral da capitania, Manoel José de Farias. Dessa forma, a Vila de Santa Cruz do Aracati foi estabelecida e começou a se desenvolver ao longo do tempo. História – Tesouro do Ceará (aracati.org) 5 Viçosa do Ceará (Vila Real de Viçosa) 07/07/1759 A 7 de julho de 1759, a Aldeia da Ibiapaba foi elevada à categoria de Vila, recebendo o nome de Vila Viçosa Real da América, cuja instalação foi feita pelo o Ouvidor da Comarca de Pernambuco, Desembargador Bernardo Coelho da Gama Casco, que esteve na Vila para instala, em comunicado feito ao povo na Igreja Matriz. Viçosa do Ceará – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) 6 Caucaia (Vila Nova de Soure) 15/11/1759 15 de novembro de 1759 A festa solene de instalação, realizou-se no largo da Igreja Matriz, no dia 15 de novembro de 1759, sendo oficializada a denominação de Vila Nova de Soure. Após os 184 anos, houve a denominação de Soure para Caucaia, pelo Decreto-Lei 1.114, de 30 de dezembro de 1943. História do Município – Câmara Municipal de Caucaia www.cmcaucaia.ce.gov.br/historia-do-municipio/ 7 Parangaba (Vila Real de Arroches) 27/10/1759 A Casa de Câmara e Cadeia foi estabelecida na Villa de Arronches, precisamente em 27 de outubro de 1759; a Câmara era composta por Mestre-de-Campo, Capitão, Vereadores e Procurador, sendo extinta em 1835 quando Arronches perde a condição de vila e freguesia, incorporando-se a Fortaleza (capital da província do Ceará, séc. XIX), por meio da legislação provincial. Mapa Cultural do Ceará - Casa da Câmara da Villa de Arronches e Intendência Municipal da Villa de Porangaba - Mapa Cultural do Ceará (secult.ce.gov.br) 8 Messejana (Vila Nova de Messejana da América) 01/01/1760 No dia 1º de janeiro de 1760 foi fundada a "Vila Nova de Messejana da América", após a expulsão dos jesuítas do Brasil na era Pombalina, em 1759. Nos séculos XVII, Messejana viveu de progresso e teve uma importante função econômica dentro do Ceará, pois serviu de via de seu escoamento de gado na época da carne de sol e charque. Messejana (Fortaleza) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) 9 Baturité (Vila Real de Monte Mór o Novo da América) 14/04/1764 O ouvidor, a 31 de março de 1764, publica edital para instalação de Baturité, que foi inaugurada a 14 de abril do mesmo ano, com o nome de Monte-mor o Novo d’América, no lugar da antiga missão de Nossa Senhora da Palma, com o orado da mesma. Vila de Baturité - Atlas Digital da América Lusa. www.lhs.unb.br/atlas/Vila_de_Baturit%C3%A9. Os autos de elevação da antiga missão de Nossa Senhora da Palma à condição de "Vila de Montemor o Novo d'América"49 (Baturité) estabeleceram uma área de 165 braças50 de comprimento por 135 braças de largura para sua instalação, onde seria alinhada uma praça de 80 braças de comprimento por 45 de largura. Também determinou que cada lado da praça deveria ter 48 casas, das quais 44 com 30 palmos51 de frente, e as outras 4 destinadas para as "casas de câmaras e mais oficinas públicas", com 60 palmos; que a igreja tinha 80 por 40 palmos. Além disso, ordenou o tamanho dos lotes da igreja, da Casa de Câmara e Cadeia e demais oficinas, e ainda a largura das ruas. Um pouco mais de um mês após a fundação de Monte-mor o Novo d'América, no dia 14 de junho de 1764, o mesmo ouvidor-geral Victorino Soares Barbosa, criou a Vila Real do Crato52. SciELO - Brasil - Os primórdios da organização do espaço territorial e da vila cearense: algumas notas Os primórdios da organização do espaço territorial e da vila cearense: algumas notas Observação; É preciso fazer a correção dos dados históricos sobre a emancipação politica de Baturité. Existe uma completa desinformação nos sites e outros meios de informação, inclusive do Site Oficial da Prefeitura Municipal de Baturité. Que receio é esse de admitir uma verdade que nos honra? Fomos uma das 16 áreas administrativas que formaram a Provincia do Ceará. Temos 259 anos de emancipação política, administrando um território que inicialmente ia da Ribeira que atualmente divide Acarape de Guaiúba até o Rio Choró, atual extrema entre Itapiúna e Quixadá. De nosso território, saíram os atuais municípios Itapiúna, Capistrano, Aracoiaba, Ocara, Redenção, Acarape, Barreira, Aratuba, Mulungu, Guaramirana e Pacoti. 10 Crato 21/06/1764 Um pouco mais de um mês após a fundação de Monte-mor o Novo d'América, no dia 14 de junho de 1764, o mesmo ouvidor-geral Victorino Soares Barbosa, criou a Vila Real do Crato52. O termo de demarcação determinou para a vila uma área de 300 braças quadradas, com uma praça central com 30 braças de cada lado, com uma igreja de 50 palmos de frente por 100 de fundo em seu lado oeste, além de 20 palmos na frente para futuras ampliações. Também estabeleceu 11 ruas com 40 palmos, onde deveriam ser demarcadas 222 áreas para moradias, sendo 70 na praça central. SciELO - Brasil - Os primórdios da organização do espaço territorial e da vila cearense: algumas notas Os primórdios da organização do espaço territorial e da vila cearense: algumas notas A povoação de Miranda elevou-se à categoria de vila em 16 de dezembro de 1762, tendo sido instalada em 21 de junho de 1764 como Vila Real do Crato, no século XVIII, desmembrada da cidade de Icó e constituindo com essa, Lavras e Umari os mais importantes núcleos de povoamento na época colonial no interior do Nordeste. Foi tornada cidade pela Lei Provincial nº 628, de 17 de outubro de 1853. Crato (Ceará) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Crato, 257 anos de história • 21/06/2021 A povoação de Miranda elevou-se à categoria de vila em 16 de dezembro de 1762, tendo sido instalada em 21 de junho de 1764 como Vila Real do Crato, no século XVIII, desmembrada da cidade de Icó e constituindo com essa, Lavras e Umari os mais importantes núcleos de povoamento na época colonial no interior do Nordeste. Foi tornada cidade pela Lei Provincial nº 628, de 17 de outubro de 1853. Crato, 257 anos de história - Na Sombra do Juazeiro 11 Sobral (Vila Distinta e Real de Sobral) 1773 Destas iniciativas surgiram a povoação chamada Caiçara, que foi elevada à categoria de vila em 1773 com a denominação de Vila Distinta e Real de Sobral[15] e recebeu foros de cidade em 1841. Sobral (Ceará) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) 12 Granja (Vila Real de Granja)22/06/1776 Nos idos de 1702, Miguel Machado e seu irmão, receberam, datado de 3 de agosto daquele ano, no Recife, uma doação de cinco léguas de terras com uma de largo na margem oriental do Rio Coreaú, medindo-as o desembargador Cristóvão Soares Reimão [1]. A povoação Coreaú, antiga Macaboqueira, é elevada a vila em 1776 [2], com o nome de Vila Real da Granja [3], com o orado de São José [4]. Vila Real da Granja - Atlas Digital da América Lusa (unb.br) A povoação de Santa Cruz do Coreaú, São José do Coreaú ou Macaboqueira foi elevada à categoria de vila, com a denominação de Granja, por alvará que criou o município. Os historiadores divergem, apresentando cinco datas: 26, 27 e 29 de junho e 27 e 29 de julho. Prefeitura de Granja 13 Quixeramobim (Vila de Campo Maior de Santo Antonio de Quixeramobim) 13/06/1789 Em 22 de fevereiro de 1789, o governador de Pernambuco, D. Tomás José de Melo, em face da Carta Régia de 22 de julho de 1766, autoriza ao Dr. Manuel de Magalhães Pinto e Avelar de Barbedo, ouvidor-geral da comarca do Ceará, a elevar à categoria de vila a então povoação de Santo Antônio do Boqueirão de Quixerarnobim, instalando-se o município no dia 13 de junho de 1789, com a denominação de Nova Vila do Campo Maior.[5] Quixeramobim – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Prefeitura de Quixeramobim 14 Ipu (Vila Nova de D’el Rei) 1791 Guaraciaba do Norte Ceará - CE Histórico Guaraciaba do Norte teve durante sua vida política e administrativa, várias denominações, todas aliadas, ligadas à sua formação. O seu mais antigo nome de Rua Nova, originou-se da formação da principal via, de casas de beira e bica, que surgiu no promissor arraial do cimo da Serra de Ibiapaba. Isto mais ou menos nos meados do século XVIII, quando se povoaram as terras férteis que demoravam no alto da Serra da Ibiapada e que se prestavam, admiravelmente, ao cultivo de café e de cana de açúcar. No decorrer dos anos, o povo reclamou a criação do município, conseguindo a tão desejada emancipação política a 12 de maio de 1791. Na mesma data e pelo mesmo alvará, a povoação foi elevada à categoria de Vila com o nome de ?Vila Nova El Rei?, extinta várias vezes e definitivamente restaurada, já com o nome de Campo Grande, aos 9 de janeiro de 1883, e o município com o mesmo topônimo, conforme a lei nº 1.798 de 10 de janeiro de 1879, desmembrando-o definitivamente do município de ipu. História da cidade de Guaraciaba do Norte - CE (prefeituradeaguiabranca.com.br) 15 Russas (Vila de São Bernardo de Russas) 6/08/1801 Desde o século XVIII a população da ribeira do Jaguaribe aspirava por autonomia política. Em 15 de junho de 1801, o governador da capitania do Ceará, Bernardo Manuel de Vasconcelos, ordenou ao ouvidor Manuel Leocádio Rademaker que transformasse em vila a povoação de Sítio Igreja das Russas, que ficou conhecida como São Bernardo das Russas. A vila foi instalada em seis de agosto daquele mesmo ano. IBGE | Cidades@ | Ceará | Russas | História & Fotos 16 Tauá (Vila de São João do Principe) 03/05/1802 Em uma portaria de 14 de dezembro de 1801, foi indicado o ouvidor da Capitania Gregório da Silva para viajar até aquela localidade e estudar a possibilidade de sua elevação à vila. Se observou a prestação de diversas homenagens à comitiva pela população e, em cerimônia realizada com a presença de todos, foi lida a ata que erigia a povoação em Vila com a denominação de São João do Príncipe, a 03 de maio de 1802 Tauá – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Prefeitura de Tauá (taua.ce.gov.br) 17 Jardim (Vila de Santo Antonio do Jardim) 30/08/1814 Em 1799, o povoado recebeu a visita de Frei Vital de Frascarolo. Sua passagem ficou perpetuada num cruzeiro por ele erguido, no dia 29 de junho à frente da capela, onde foi transplantado no centro do cemitério de São Miguel e hoje está á frente da Matriz Santo Antônio de Jardim. Em 30 de agosto de 1814, o território foi desmembrado de Crato, quando passou a denominar-se Vila de Santo Antonio do Jardim. Jardim (Ceará) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) 18 Lavras da Mangabeira (Vila São Vicente das Lavras da Mangabeira) 20/08/1816 Elevado à categoria de vila com a denominação de São Vicente das Lavras, por Resolução Régia de 20-05-1816, desmembrando-se de Icó. A sede da povoação de São Vicente Ferrer de Lavras de Mangabeira foi Instalada em 08-01-1818. Entre 1700 e 1822 foram criadas dezoito vilas e seus termos no território cearense: Vila de Aquiraz (1713); Vila de Fortaleza (1723); Vila do Icó (1736); Vila de Santa Cruz do Aracati (1748); Vila Real de Soure, atual Caucaia (1755); Vila de Messejana (1756); Vila Real de Arronches, atual Parangaba (1759); Vila Viçosa Real (1759); Vila de Monte-mor o Novo d'América, atual Baturité (1764); Vila Real do Crato (1764); Vila Real de Sobral (1773); Vila Real de Granja (1776); Vila de Campo Maior de Santo Antônio de Quixeramobim (1789); Vila Nova d'El Rei, atual Ipu (1791); Vila de São Bernardo de Russas (1801); Vila de São João do Príncipe, atual Tauá (1802); Vila de Jardim (1814); e a Vila de Lavras da Mangabeira (1817). SciELO - Brasil - Os primórdios da organização do espaço territorial e da vila cearense: algumas notas Os primórdios da organização do espaço territorial e da vila cearense: algumas notas Essa necessidade da Coroa de manter o controle e o domínio sobre a colônia exigia um poder centralizado; no entanto, isso não foi possível, pois a grande extensão territorial do país dificultava a fiscalização. A incapacidade de Portugal em controlar o território dotou as câmaras municipais de relativa autonomia para governar, possibilitando a instalação de algumas vilas. Pontes (2010, p. 24) aponta a pecuária como o principal fator responsável pela criação das primeiras vilas cearenses. Segundo a autora, intensifica-se o criatório e o comércio do gado, bem como o beneficiamento da carne e do couro para o mercado interno, fatos que impulsionaram a formação das outras oito primeiras Vilas. Na bacia do Banabuiu – Quixeramobim prosperou a primeira Vila da região central do Estado, que foi a de Quixeramobim (1789); As bacias do Acaraú e do Coreaú tornaram-se os berços das vilas de Sobral (1766), Granja (1776) e Guaraciaba do Norte (1791); assim como a bacia do Rio Jaguaribe deu origem às vilas de Russas (1799) e Tauá (1801) na bacia do Salgado foram criadas as Vilas de Jardim (1814) e Lavras da Mangabeira (1816). Assim, em pouco mais de um século, entre 1699 e 1822, já havia uma relativa concentração populacional e de Vilas ao longo dos Rios Jaguaribe-Salgado, Acaraú e do Coreaú, com menor destaque para as bacias do Banabuiu-Quixeramobim. Formação territorial do Ceará: das 16 vilas originais aos 184 municípios atuais Vládia da Silva; Francisco Amaro Gomes de Alencar Com quase 300 anos de diferença, conheça as cidades mais novas e mais antigas do Ceará O Diário do Nordeste mostra em uma série de reportagens as mudanças no mapa cearense com a criação e extinção de municípios Escrito por Nícolas Paulino, Theyse Viana e Lucas Falconery Só no início da década de 1990, com a criação de seis cidades, o mapa cearense foi definido como o conhecemos hoje: dividido em 184 municípios. Há mais de 300 anos, contudo, eram apenas 16 cidades, que deram origem aos novos territórios por influência econômica, cultural e até por estratégias políticas. Isso faz com que o Ceará tenha Aquiraz, de 323 anos, como a cidade mais velha e o trio Choró, Itaitinga e Fortim, de 30 anos, como o mais jovem. As informações são parte do livro “Formação do Território e Evolução Político-Administrativa do Ceará”, publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) CIDADES MAIS VELHAS DO CEARÁ E ANO DE CRIAÇÃO: • Aquiraz (1699) • Fortaleza (1725) • Icó (1735) • Aracati (1747) • Viçosa do Ceará (1759) • Caucaia (1759) • Baturité (1762) • Crato (1762) • Sobral (1766) • Granja (1776) • Quixeramobim (1789) • Guaraciaba do Norte (1791) • Russas (1799) • Tauá (1801) • Jardim (1814) • Lavras da Mangabeira (1816)