quarta-feira, 28 de maio de 2008

A FAMILIA CASTELO BRANCO

Família Castelo Branco

As primeiras famílias das Margens do Rio Jaguaribe, Ceará, eram de origem Lusa, vinda via Recife ou Salvador, através das antigas trilhas indígenas que cortavam o sertão nordestino.

Fundaram fazendas de criação extensiva de gado bovino, as margens do Rio Jaguaribe, no início do século XVIII.

O Tenente Coronel Mathias Pereira Castello Branco, nascido em Viseu Portugal, freguesia de Nossa Senhora das Graças, por volta de 1710, foi um desses pioneiros.

A família “Castelo Branco” surgiu em Portugal na Idade Média, deles se dizendo que “nos campos d’Ourique Cartéis Brancos se chamavam àqueles que, sob a flâmula de Afonso Henriques, o sangue derramaram pela terra portuguesa”. Soldados valentes que eram, os Cartéis Brancos traziam nos escudos o “rompante lyão dourado” da nobreza. Eram os Paio Soares, os Vascos Pais, os Sueiro Eannes, os primeiros “Castelo Branco”.

“D. João Ribeiro Gaio, Bispo de Malaca, na sua ´Heraldologia Métrica`, dedica esta quintilha aos Castelo Branco:

“Dos que nos campos valentes
d’Ourique sacrificaram
seu sangue onde alcançaram
fama, mays seus descendentes
Casteis Brancos se chamaram.”

Esta é a mais antiga referência encontrada sobre os Castelo Branco e nos transporta à famosa batalha de Ourique, em que D. Afonso Henriques derrotou os muçulmanos a 25 de julho de 1139. A esta época Portugal ainda não existia como país e o Condado Portucalense, que se limitava entre o Douro e o Minho, era vassalo do Rei de Leão. (”Os Castelo Branco D’aquem e D’além Mar”, pág 5, Renato Castelo Branco, Ed. L.R. Editores Ltda.)

Mathias recebeu uma sesmaria na Barra do Sitiá, Fazenda Joazeiro de Cima, na Ribeira do Banabuiú. Casou-se com D. Emereciana Correa de Souza Barbalho, filha de Pascoal Correia Vieira e Ponciana de Souza Barbalho, nascida em 1715, batizada a 15/02/1715, na Igreja de São João do Jaguaribe, Freguesia de Russas, sendo seus padrinhos o Sargento Mór Luiz da Silva e Leonor dos Montes, com a qual teve 13 filhos.

Em fevereiro de 1734, aos 24 anos, nasceu seu primeiro filho em solo cearense, Manoel Pereira Castello Branco, batizado na Capela de Nossa Senhora da Conceição, na Barra do Sitiá, Banabuiú, construída por volta de 1719, pelo pai de D. Emereciana, Pascoal Correia Vieira. Ainda vivia em 25/09/1788, quando testemunhou o casamento de seu neto Manoel Gonçalves Aguiar com Silvana Maria Leitão, tinha então aproximadamente 78 anos.

Seus descendentes diretos agregaram-se a diversas outras famílias, também pioneiras no desbravar e vencer os obstáculos no inicio do século XVIII, entre os quais destacamos os Silveira (Gomes da Silveira), que desbravaram sertões e iniciaram o povoamento da Serra de Baturité, por Acarape (Redenção), e os Corrêa Lima, vindos do sertão central do Ceará.

Exerceu decidida influência na vida civil e militar nos seus dias, deixando uma descendência que dignifica a História do Ceará e do Brasil.

LUIZ GOMES DA SILVEIRA

Tenente Luis Gomes da Silveira

Nascido em Mamanguape (antigo Monte Mor), Paraíba, em 1730, faleceu em Monte Mor, (Baturité) em 1780, filho do Capitão João Gomes da Silveira e de Isabel Barbalho de Vasconcelos. Vindo para o Ceará, viveu no Vale do Jaguaribe.

Casou-se na Freguesia de Icó, em 1755, com D. Maria Vidal de Mendonça, nascida em 1735, em Jaguaribe, falecida na localidade de Candéia, Monte Mor (Baturité), Ceará, em 1766, filha de Francisco Barbosa de Mendonça e de Maria José Soveral, com a qual teve sete filhos, dentre estes Isabel Gomes da Silveira.

Conquistou, por herança e compra, vastas glebas à margem do fértil vale do Candéia e na zona sertaneja adjacente.

Viúvo, anos após, contraiu núpcias com Rosa Maria de Vasconcelos (Ana Bonifácia de Vasconcelos), filha do Capitão Manoel de Souza Abreu e de Ana Maria de Vasconcelos, pertencentes a conceituadas famílias pernambucanas, com qem teve mais sete filhos, dentre estes: o Capitão Antonio Gomes da Silveira; Brásia Maria de Nazaré e Luis Gomes da Silveira.

O Capitão Antonio Gomes da Silveira tornou-se pai de Maria Sant’Ana da Silveira, (décima segunda neta de Luis Gomes da Silveira) que, casou-se com Camilo Henrique da Silveira Borges Távora, tendo com ele vários filhos entre os quais João Franklin da Silveira Távora.

Em 1847, apesar de todas as vantagens que a terra oferecia aos homens, Camilo Henrique da Silveira Borges Távora, já alcunhado de “o Indígena”, abandonou o Candéia, levando consigo inicialmente para Fortaleza, Ceará e depois para Recife, Pernambuco, sua esposa, Maria Sant’Ana da Silveira, e os filhos, entre estes João Franklin da Silveira Távora, que tinha então cinco anos, que passou a morar com seu tio Felizardo da Silveira Borges Távora.

A fisionomia da Vila de Monte Mor, o Novo da América, nos primeiros anos da década de 1840, já não se parecia em nada com a antiga povoação do século anterior. As aldeias dos indios haviam perdido os ares de um lugar inóspito, abandonado nas encostas da serra de Baturité, e começaram a surgir algumas edificações, onde o melhor exemplo ainda eram as casas construídas no Candéia por Luis Gomes da Silveira e outros que também acreditavam no progresso da região.

Desde o lançamento solene da base de fundação da Vila em 1764 à década de 1850, as mudanças foram importantíssimas. Há noticias de que pelos inventários estudados, que compreenderam os realizados num espaço de 40 anos, a começar por um datado de 1771, dos bens deixados pelo falecimento de D. Maria Vidal de Mendonça (1766), primeira esposa de Luis Gomes da Silveira, conforme registros trinta proprietários eram possuidores de fazendas de criar, vinte e oito tinham “sítios de plantas” e que oito ou nove, tinham propriedades de ambas as categorias.

Pelo primeiro inventário, nota-se o Status elevado da Família. Fora oferecido à coleção, bens móveis e imóveis no valor de 940$000 (novecentos e quarenta mil réis), quantia bem elevada para a época, quando um boi de açougue custava três patacas. Eram terras, no Candéia, Cangati, Quixeramobim e na Paraíba.

O segundo inventário do casal fundador, 14 anos mais tarde, por morte do patriarca, verifica-se a decadência da fortuna familiar. Agora, apenas 256$000 (duzentos e cinqüenta e seis mil réis) era o quanto alcançava, a “seca dos três sete” se encarregou de reduzir a escravaria, os animais, liquidara o ouro, a prata e até mesmo os objetos domésticos.

Aos Gomes da Silveira, restavam as terras do Candéia onde a família continuava, protegida de maiores adversidades pela fácil recuperação do solo fecundo e ubérrimo, pela amenidade do clima e salubridade das águas e alimentos’. (Franklin Távora. Dimensão Nacional de um Regionalista – Vinicius Barros Leal).

Uma característica importante de Baturité foi à ausência de um rigoroso regime de trabalho escravo. Ao se prepararem os livros de lavra de cartas de alforria da Vila de Baturité, constata-se que, com relativa freqüência os senhores proprietários de escravos os libertavam, inclusive nas décadas de 1850 e 1860. Assim procederam, os Silveiras do Candéia de Baturité.

Há, curiosamente, entre na Família Silveira, havia preferência pelo nome João, o Luis Gomes da Silveira, chegou a ter cinco escravos com o nome de João, e vários de seus descendentes também foram batizados com este nome.

Numa das secas que castigaram o Ceará, diante da escassez dos meios para a sobrevivência da família, Luis Gomes da Silveira, vendeu seus escravos, ficando sem esse tipo de mão de obra.

Mais tarde, principalmente seu filho, o Capitão Antonio Gomes da Silveira, seguindo seu exemplo, foi o primeiro a expedir cartas de alforria para alguns escravos de sua propriedade.

No ano de 1856, o então Presidente da Província do Ceará, Francisco Inácio Homem de Melo, ao passar pelas terras serranas de Baturité, escreveu em suas memórias:

“Atravessei diversas fazendas, muitas delas importantes. Não havia ali escravo. Homens bravos, bem conformados, sadios, mostrando em seus movimentos a dignidade de um ente livre, apareciam-me por toda a parte, executando, com desembaraço e alegria, os diferentes trabalhos da Lavoura”.
E acrescenta:
“Estas terras rateadas com tanto cuidado, brotando do seu seio os tesouros da abastança, não recolheram uma lágrima, nem ainda o sangue do escravo as tornou para sempre estéreis”. (Francisco Inácio Homem de Melo, Tricentenário da vinda dos primeiros portugueses ao Ceará (1603-1903) Fortaleza Ceará).

(Franklin Távora e o seu Tempo, por João Aguiar, páginas 26 e 27).(História Baturité, época colonial – Vinicius Barros Leal – Sec. Cultura e Desporto, 1981)