ANTELÓQUIO
Ao
transpor o marco miliário anual da 74ª. Viagem em derredor do Sol, na minha já
longa jornada terrena, embora obscura e cheia de decepções e desencantos,
lembrei-me de registrar algo dela como o meu precário testamento da vida,
semelhante ao célebre conhecido humorista (Rabelais) assim resumido: - “Nada possuo e devo muito: – o resto deixo para os pobres”.
Já que não posso ter consolação do trágico Esquilo, quando exclamou em idêntica
situação: – “Morro; mas a minha obra e o meu
exemplo sobrevivem.” O que equivale a dizer:
– Morri para viver mais!
Ademais, não se trata de uma obra doutrinária, ou mesmo de um livro de
arte propriamente dito, senão de rápidas anotações de um canhenho
autobiográfico. Sem aspiração aos lauréis ou a convicções – uma simples
narrativa prestada como um mero depoimento pessoal.
Efetivamente, assim se deve pautar, a nosso ver, esta filantrópica literatura
introspectiva, ou automemorial, malgrado ao que com justeza lhe objeta o genial
Padre Antônio Vieira:
– Ninguém há tão reto juiz de si próprio que, ou diga
o que é, ou seja, o que diz.
Entronca-se ela no místico autor na “Cidade de Deus”, o glorioso Santo
Agostinho desenvolvendo-se em Goethe e J. J. Rousseau e entre nós com Paulo
Setúbal na sua já laureada obra póstuma “Confiteor”, e no primoroso Humberto de
Campos fazendo, de seus revezes de lutador, desajudada fonte perene de
ensinamentos e consolação para os que o lêem e bendizem-no.
Por outro lado considero o natalício – mormente após o cinqüentenário como em
verdade ele o é – um afastamento do berço, onde tudo é riso e avanço ao túmulo,
onde tudo é misterioso e sombrio, e por isso encaro-no sempre com
melancolia e sem festa, e tão somente pelo muito que nele sofri e o pouco
que aprendi, assim o catalogo!
O Douto escritor platino José Ingeniéros divide a idade humana em três
estágios: – A idade da espécie, que vai da primeira infância ao raciocínio
desenvolvido; a idade social ou adulta, e a idade individual da mentalidade
experiente do ancião que por fim exausta tende regressar à primeira.
Mais
incisivo e simbólico é ainda o
interessante apólogo do imaginoso publicista pátrio, cujo nome de pronto não me recordo,
e que também de memória passo a recompor.
Quando
o Onipotente saiu a distribuir as idades pelas espécies animadas, elegeu o
homem, como animal superior o rei da Criação, e deu-lhe a longevidade de
cinqüenta anos para gozar o seu reinado!
Depois
se dirigiu ao burro e concitando-o a reconhecer àquele soberano, deu-lhe
quarenta anos para assim obedecê-lo e servi-lo, carregando-o e às suas coisas.
O asno então reclamou tão longo o ciclo de servidão – e pediu se retirasse ao
menos um decênio no que foi imediatamente atendido. Em seguida encaminhou-se o
Criador ao cão e exortando-o ainda àquela vassalagem ao homem, a quem deveria
fielmente defender e por sentido ao seu lar e seus bens, deu-lhe quarenta anos
de existência, que o cão também achou pesado, e exorou abatimento de um decênio
sendo deferido. Enfim chegou Deus ao mono, recomendando-lhe igualmente sujeição
ao homem, a quem deveria agradar e divertir durante quarenta anos de vida que
lhe concedia, e que também arrazoadamente implorou subtração de dez anos. O
homem então solicitou lhe fossem outorgados aqueles decênios que os outros
haviam abdicado, sendo-lhe isso lhe concedido.
É por isso que o homem só é realmente pleno e integral no gozo da vida até o
cinqüentenário; dos cinqüenta aos sessenta é burro de carga; dos sessenta aos
setenta é cão que bota sentido à casa, às filhas moças e aos bens; e de setenta
em diante e símio, cuja hilaridade diverte!..
Eu, como se vê, já atingira esta última, faze, a do macaco!
Acordei, portanto tardiamente… já bem longe e esquecido dos sonhos, de que bem
canta o poeta:
“Morre um afeto, outro nasce,
Passa um desejo, outro vem;
Depois de um sonho, outro sonho,
“De tantos que a vida tem”.
Meus afetos nunca morreram, mas os meus desejos também jamais passaram, nem se
cumpriram! Não houve sonhos, ou melhor – só houve sonhos, mas sonhos
tristonhos!
ANTECEDENTES 1868 - 1888
Nasci nesta tão malograda quão pouco amada cidade de Baturité, antiga Vila de
Monte Mor o Novo da América, Estado do Ceará (EUB) no prédio urbano, no. 86
atual, (ex-18) da Rua 15 de Novembro (então do Comércio) às 10 horas e dezoito
minutos antemeridianas, do domingo 26 de Abril de 1868, dia consagrado pelo
Credo Católico a São Pedro de Rates, mártir, 1º. Arcebispo de Praga.
Baturité é topograficamente situado no sopé da vertente oriental da Serra que
lhe dá o nome, e que significa serra por excelência (da corruptela de ibi
terra, tira alta, serra, e o superlativo eté, segundo o Des. Paulino
Nogueira), sobre um pequeno platô, circundado por dois regatos algo perenes,
Aracoiaba e Putiú e pelas cordilheiras e colinas da citada serra, tendo assim o
aspecto pitoresco e risonho de um Oasis.
Lembra vagamente com seus coqueirais, laranjais e mogunbeiras, e suas ermidas e
casaria brancas, as praias de Olinda, ou a baía de Vitória!
Em 1864, um século após a instalação da Vila, vinte e três anos após a criação
da Comarca e seis depois da elevação à cidade meu pai chegou a Baturité como
Juiz de Direito, vindo do Icó, donde já tinha vindo aquele mister, de
Pernambuco, seu Estado natal.
Cerca de três anos depois de sua chegada aqui meu genitor enviuvou e ligou-se a
minha mãe também viúva sem filhos, nascendo eu em 1868, como já se disse, e
como primeiro rebento da segunda geração de cada um, e de ambos.
Nota-se a priori o predomínio do algarismo oito e seus múltiplos no fato do meu
nascimento, tal qual o meu nordestino – Estado que têm nesse número quase
sempre as suas principais crises climatéricas, justificando o rifão já nele
popularizado:
– No Ceará é oito, ou oitenta e oito…
Conto precisamente hoje (26 de abril de 1942) setenta e quatro anos de
existência mundial, ou seja, 888 meses (74×12). Convertendo para dias, e atento
às alterações do calendário, inclusive 17 bissextos, somam 27.023, ou seja,
648.672 horas, donde há deduzir a fração do dia inicial (10 horas e 18
minutos); ao todo 3.891.314 minutos.
Mas como durmo calculadamente oito horas diárias, este tempo fica desfalcado de
um terço, pouco mais de 24 anos, e assim reduzido a 50 anos, si bem que seja
aquela talvez a melhor porção da minha existência!
Segundo horóscopo astrológico que, há anos, a gentileza de um amigo mandou
levantar em centro exotérico, o céu da minha natividade astral tinha o Sol no
signo de Taurus, a Lua e Venus em Gemini e o planeta Saturno, como governante e
ascendente, em Sagitário, sendo este planeta em nada propício, acrescentam os
entendidos, aos que nele se iniciam neste vele de lágrimas.
Do mesmo passo não eram também lisonjeiras as antevisões deduzidas das
condições fisiológicas do meu natal: meu Pai, que começava comigo o primeiro
rebento dos três da segunda prole, tinha àquela época 53 anos, pois nascera em
1815, e minha mãe 38, porquanto era do fim de 1830.
Sou filho, portanto, da árvore já idosa e trabalhada, ou esgotada.
Aparentemente, no entanto, fui uma criança forte e sadia e de peso regular, não
obstante não ter educação física cuidada, e durante minha infância apenas me
abateu o sarampo.
Minha cor morena e pálida e meu temperamento acentuadamente linfático, nervoso
e bilioso, fizeram-me taciturno, pouco expansivo e tímido, algo irresoluto, o
que tornou falhas a maioria dos meus tentames, apesar de certa ascendência espontânea
sobre meus coevos
Era meu supra dito genitor louro de olhos azuis, estatura acima de mediana e
como magistrado, exercia as funções de Juiz de Direito da Comarca a cujo múnus,
além da família, exclusivamente se devotava.
Tinha sido um moço ardoroso democrata tomando parte na revolução pernambucana
de 1848, chamada Rebelião Praieira, com Nunes Machado e Pedro Ivo, e sendo
obrigado por isso, e com fracasso dela, a se foragir na Europa, morando nove
anos em Paris, até 1857, quando alcançando anistia regressou ao Brasil,
ingressando na magistratura.
Já sendo formado em Direito pela Academia de Olinda, seu berço natal, naquele
interregno, de seu exílio, conquistou mais o diploma de bacharel em ciências
fisícas e matemáticas e outro em medicina, profissões de que pouco uso
fez, tendo, contudo formulado um preparado farmacêutico para reumatismo
(pílulas caninana) e um tratado em autógrafo sobre o cálculo infinitesimal,
conforme ouvi em família.
E foram tais, parecem, as desilusões que sofreu naquela empreitada cívica, que
arrefeceu quase de todo em política, se dedicando à progênie – seis filhos do
primeiro leito, e eu e duas meninas do segundo, principalmente a mim único
varão, a quem passava horas inteiras bordando preleções empíricas, abeberadas
talvez em Flamarion, para me incutir com aquelas fantasiosas noções
elementares de ciência matemática astronômica.
Era igualmente um espírito construtor e progressista, assim se revelando desde
a Academia, onde muito se esforçou pelo incremento da Biblioteca deste
estabelecimento, merecendo por isso encômios de Clóvis Beviláqua na sua
“História da Faculdade de Direito do Recife.”
No Icó, cidade que florescia por esse tempo com a láurea de princesa dos
Sertões, realizou com outros a edificação de um Teatro tomando por modelo o
Santa Izabel do Recife.
Aqui, logo que chegou foi distinguido com o cargo de Presidente Honorário de
uma associação literária da terra, intitulada Phoenix dramática e consagrada a
este gênero.
Minhas irmãs unilaterais secundavam carinhosamente meu Pai na minha educação
infantil, encaminhando-a para a piedade cristã, ensinando-me preces e hinos,
xácaras e lendas, como o de Santa Iria, Santa Genoveva e outras.
Minha Mãe era como eu, de cor morena, olhos castanhos escuros e cabelos pretos
e crespos e, sertaneja inculta e nordestina cearense, era extremada até o
sacrifício na afeição maternal, sem, contudo, abdicar de usar do castigo
corporal, que ela, como Gabriel de Tarde, julgava indispensável na educação
humana, e o sábio Salomão já preconizava nos provérbios bíblicos (Cap.19 v.18 e
29 v.15).
Seu pai, dela, e meu avô materno, uma vez única, quase de relance passaram por
nossa casa, de viagem emigrando de Quixeramobim, onde residia, para
Fortaleza, na seca de 1877, quando faleceu.
Sei igualmente que se imiscuíra no levante confederado de 1824, sendo preso na
Paraíba com o Major Luis Rodrigues Chaves, quando seguiam como emissários dos republicanos
cearenses para os de Pernambuco.
Pouco conheço, conforme se colige, da nossa genealogia, o que entre nós é quase
generalizado. Sei, no entanto, pelo que colhi no lar, que entre meus
antepassados houve um batavo de proporções agigantadas, que viera para o Brasil
ao tempo de Nassau, e aqui ficara jungido por interesses pecuniários, após a
evacuação daquele valoroso povo do nosso torrão.
Ainda hoje em nossa família atavicamente surdem indivíduos “arranha céus”, como
repercussão daquele avoengo, que era extremado republicano (impulsionado talvez
pela aversão aos vencedores) e de que, seguindo a tradição, o meu avô paterno
se envolveu nas sedições de 1817 e 1824.
Foi a esse tempo que, de acordo com o uso de cognome patriota de guerra, os
companheiros apelidaram-no de Catão pela sua austeridade, e que por fim
absolveu o nome patronímico da família.
Ultrapassados os seis anos de idade fui matriculado numa escola pública
primária das duas que existiam antanho na cidade para o sexo masculino afora
duas para o feminino.
A aula funcionava em uma sala, cujo quadrilátero correspondia a duas portas das
quatro de frente do prédio baixo, e ainda hoje obsoleto, da Rua Sete de
Setembro atualmente numero 60, sendo as demais dependências ocupadas pelo
professor e sua família. O teto em telha var, sem forro, e o pavimento de
tijolo de ladrilho, com paredes laterais branqueadas a cal, e uma barra de
alcatrão no sopé. Apinhavam-se nela em fila bancos toscos de madeira dura e
áspera e alguns quadros negros aos flancos. Em um destes havia um cântaro de
barro com um caneco enferrujado, para a dessedentação dos alunos.
Uma mesa de cedro sobre pequeno estrado com uma escrivaninha ao centro, uma
fixa de madeira para senha dos que saiam sob licença e uma palmatória, que,
como da praxe, era enfeitada nas festas escolares pelos tímidos.
Como adorno um quadro místico do Calvário, ladeado por duas bandeiras cruzadas:
uma pintada de verde e amarelo, (aberta), e outra de encarnado e azul,
(cerrada), dos partidos – grego e asturiano –, respectivamente, que se emulavam
aos sábados em argumentação predeterminada, triunfando o que reunisse o maior
número de quinais sobre o adversário, rodeando vitoriosa a escola manifestação
com o estandarte desfraldado, cantando o hino do trabalho, enquanto seus
contrários ficavam detidos ao lado de seu pendão fechado.
Este sistema suprira em parte as cruezas dos anteriores argumentos e sabatinas
a bolos rigorosos de palmatória, que tanto amedrontava aos timoratos, alem das
malquerenças e vinditas seqüentes.
Foi ainda ele transmudado por outro,
a reclamos dos meninos aplicados, que eram prejudicados pelos legionários
desidiosos que não estudavam: O Professor habilmente transformou os partidos
pelas denominações de forte e fraco, sendo sempre forte o que ganhava ou mesmo
empatava com seu páreo.
Quando transpus o limiar daquele
recinto senti-me atônito ao lado da mucama, que me conduzia com a guia aonde vinha
a minha individualização escrita por meu pai para a respectiva matricula. O
Professor recebeu-a, fez-me uma carícia e começou a transladá-la para um livro,
enquanto aguardávamos de pé.
A meninada olhava-me de soslaio, ora
gentil ora ridente, como quando me via de merenda, que lhe podia dar, e ora
zombeteira e hostil, como quase sempre, quando nada tinha a lhe ofertar, até
que terminada a inscrição, a mucama foi despedida e eu incorporado, tomando
assento amedrontado em um dos bancos, que me foi indicado.
Foi assim, pode-se dizer o primeiro
contato do mundo exterior que tive. E, não obstante, tão depressa no seu
convívio assimilei a sua desenvoltura, que logo depois fui por eles mesmos
alcunhado de Malasarte.
O labor escolar era antanho nos dias
uteis (salvo às quintas feiras) no horário de dez da manhã às duas da tarde,
sem qualquer trégua ou recreio (Hoje se diria das dez à quatorze do dia): Era
ele saudado ou iniciado ou saudado por um hino e finalizado por outro, sendo
ainda admitido estudar tabuada e o silabário cantarolando melopéias corais, sob
fundamento do cântico auxiliar a memória e facilitar a decoração; Das dez às
onze era consagrado o tempo à caligrafia, das onze às doze à
aritmética ou contas, em frente aos quadros negros, o resto às
lições decoradas de catecismo e gramática e a leitura em compêndios de ensino
moral e de história da pátria, sendo às quartas feiras um curso de letra
manuscrita.
Não se cogitava de educação física ou
higiênica, limitando-se esta última apenas a exposição das mãos abertas em
palma ao Professor para prová-las asseadas e de unhas aparadas.
Havia vestígios do antigo regime de
ensino mútuo de decuriões ou monitores, coadjuvante cognominado de método de
Lencastre, decretado pela velha lei de 1827, que estabelecia os castigos
corporais, concretizados em bolos ou pancadas de férula, prisões, segregações,
posições e atitudes humilhantes e ridículas etc.
Além das férias anuais, em dezembro,
e dos domingos e santificados, comemorava-se apenas o Sete de Setembro, data da
Independência Nacional.
O trabalho apesar de menos
lisonjeado, era mais cultuado e praticado!
(ESPAÇO EM REFERENCIA A PAGINA 18
FALTANTE DO TRABALHO MANUSCRITO)
…moço competente e igualmente zeloso,
porém tuberculoso, tendo falecido com pouco tempo de exercício sendo sua vaga
ocupada por seu irmão Juvêncio da Costa Lobo, também competente e compenetrado,
mas afetado da mesma moléstia.
Embora tanta precariedade e
contratempos, aproveitei e progredi, e meu pai exultou, quando com três semanas
de freqüência escolar apenas, deletrei com correção os letreiros ou dísticos
dos estabelecimentos das vias urbanas.
E foi talvez a última emoção que lhe
proporcionei, porquanto insidiosa congestão cerebral logo empós o arrebatou ao
túmulo, em 12 de janeiro de 1875.
Não compreendi de súbito a profundeza
do golpe que me fulminara, mas ao sentir, noites depois do vácuo tenebroso da
minha orfandade, prorrompi em soluços lancinantes acompanhado das minhas
irmãzinhas e de minha Mãe, que debulhada em pranto embalde procurava nos
confortar.
Foi aquela em verdade, a noite do meu
infortúnio, que ainda hoje se prolonga intérmina e caliginosa.
Para maior desventura sobreveio-o ao
Ceará a mais solapadora crise dos seus anais, que o assolou devastadoramente e
o flagelou três longos anos.
Minha Mãe, viúva pobre, lutou
heroicamente para nos manter, auxiliada pelos meus dois cunhados casados com
irmãs do primeiro leito, que sucessivamente se sucederam em nossa tutela, e
cuja honradez e amor ao trabalho e ao dever muito me exemplificou.
Passada aquela tremenda provação, que
tudo anormalisou, completei o curso primário, única instrução que recebi por
intermédio de terceiro, alem de seis meses de aula particular dos Professores
José Remígio de Freitas e Cícero Pordeus, com que anos depois (em 1892) fiz
preparatório no Liceu Cearense. Fui como se vê perfeito autodidata.
Assim alfabetizado entrei também para
a oficina do semanário local (“O Baturité”) que era redigido pelo meu cunhado
Amaro Cavalcante, então Professor de latim e Advogado, a guisa de aprender
aquela arte gráfica, mas com o intuito de melhorar as condições de um jornaleco
manuscrito (O Papagaio) que mantinha com outros camaradas para discutir com o
“Diabinho”, de Francisco Ayres de Miranda, (que morreu Capitão de engenheiro do
Exército Nacional,) a moda do que se dava com os homens e frações partidárias
da terra.
Com efeito, o jornaleco
transformou-se logo para letra de forma já com novo título “O Torpedo” e depois
“Zuadelo”. Tínhamos ainda um grupo dramático anexo, que encenava os dramalhões
de capa e espada em voga (“A Cruz do Juramento, “Antônio O Pirata” e outros)
que uma associação de mancebos da cidade elevava o proscênio, e eu resumia de
memória e transmudava para o nosso repertório.
Depois fundamos uma congregação
cultural, sob égide de “Instrutora Juvenil”, que homenageava as datas pátrias e
apreciava em júri os seus vultos e fatos históricos e até aos mundiais. Com o
movimento e questões sociais. Lembro-me que foi bastante calorosa a discussão
sobre o feminismo ou sufragismo, então em foco na Inglaterra, com as
exacerbações espetaculosas de Luísa Michel e outras paladinas. Eu liderava uma
corrente…
Mario
Mendes
Junior
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