“A
família Castello Branco não foi das primeiras a chegar em Baturité, mas ali já
se encontrava no começo do século XIX. Veio de Quixeramobim, onde estava
instalada com fazendas de gado. O Patriarca do Clã foi o português Tenente
Coronel Mathias Pereira Castelo Branco, natural de Viseu. Vindo solteiro para o
Brasil e aqui chegando nos anos trinta do século XVIII. Casou-se na Ribeira do
Jaguaribe com Emerenciana Barbalho, descendente dos Correia – Vieiras, gente
das mais abonadas da região. O casal fixou-se nas terras da família que eram
muitas, abrangendo fazendas e currais nas margens do Sitiá e do Quixeramobim.
Desse casamento nasceram treze filhos que por casamento se entrelaçaram com
muitas outras famílias de criadores da mesma região. Os Pimenta de Aguiar,
Saraiva Leão e Leitão foram os que mais constituíram união com os Castelo
Branco.” Texto do
Dr. Vinicius Barros Leal Publicado no Jornal “A Verdade” nº 3.017 de 1991
O Tenente
Coronel MATHIAS PEREIRA CASTELLO BRANCO, nascido em Viseu, Portugal, Freguesia
de Nossa Senhora das Graças, por volta de 1710. Veio para o Ceará onde recebeu
uma sesmaria na Barra do Sitiá, Fazenda Joazeiro de Cima, na Ribeira do
Banabuiú. Casou-se por volta de 1733, com Dona EMERENCIANA CORREIA DE SOUZA
BARBALHO (filha do português Capitão Pascoal Correia Vieira e de Ponciana de
Souza Barbalho), nascida em 1715 e batizada em 15/02/1715, na Igreja de São
João do Jaguaribe, Freguesia de Russas. Foram seus padrinhos o Sargento-Mor
Luiz da Silva e sua avó materna Vitória Leonor dos Montes.
Em 1824,
Manuel Felipe Pereira Castello Branco introduziu a cultura do CAFÉ na Serra de
Baturité, com sementes trazidas do Pará e plantadas no Sítio Bagaço, atual
Sítio Correntes, de sua propriedade, às margens do Riacho Cruz, em Mulungú.
MANUEL
FELIPE PEREIRA CASTELLO BRANCO, neto do português Mathias Pereira Castelo
Branco, casou-se em Monte Mor, o Novo da América (antigo nome de Baturité), com
ISABEL GOMES DA SILVEIRA, também conhecida como Isabel Maria de Nazaré, nascida
em 1798 (filha de Manoel Nogueira de Queiroz e de Isabel Gomes da Silveira.
Manoel Nogueira de Queiroz era neto de Antonio Duarte de Queiroz e dona Izabel
Cavalcante Vasconcelos de Queiroz, herdeiros do Engenho Jacaré, em Pernambuco.
Era filho de Bertholeza Cavalcante de Queiroz e Vitoriano Nogueira de Queiroz. (ver mais aqui)
Manuel
Felipe e Isabel tiveram onze filhos, entre eles, Pedro José Pereira Castello
Branco, nascido em 1818. Herdeiro do grande prestígio e poder, legados tanto
pelo seu avô paterno como pelo próprio pai, o Tenente Coronel Pedro José
Pereira Castello Branco, foi quem mais influência exerceu em Baturité e,
comprovadamente, foi o maior chefe político de Baturité no século passado.
Ocupou por quatro vezes o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Baturité, sendo
seu último mandato encerrado a 26/04/1877, data em que faleceu como deputado
Provincial, aos 58 anos de idade, em Fortaleza.
No Livro
de Ata da Câmara Municipal de Baturité, no registro da sessão do dia
26/04/1877, lê-se o seguinte: “... sobre a mesa existiam diversos
requerimentos sobre variadas matérias mais ou menos importantes, que foram
adiadas pela justa razão de haver constatado a esta Câmara ter falecido na
cidade de Fortaleza o Presidente desta Municipalidade Tenente Coronel Pedro
José Pereira de Castello Branco, ficando encerrados os trabalhos da Câmara por
tempo de 8 dias em sinal de pesar por proposta do Sr. Presidente da Câmara
Clementino de Holanda.”
O seu
falecimento foi assim noticiado pelo Jornal O BATURITÉ de 28/04/1877: “FALECIMENTO
- Sucumbiu a uma afecção do coração, na Capital da Província, onde seguira a
procura de lenitivo ao mal que sofria o Tenente-Coronel Pedro José Castello
Branco, membro proeminente da Família Castello Branco e Chefe de uma das
facções do Partido Conservador nesta Localidade. O Tenente-Coronel Pedro
Castello, filho legítimo do Coronel Manoel Felipe Castello Branco, nasceu em
1818. Casou-se com sua prima D. Thereza Antônia Castello Branco em 1842, e
desde então residiu nos Inhamuns ate 1853, quando se mudou para Baturité, tendo
exercido no Tahuá o Cargo de Delegado de Policia, prestando serviços
relevantes, pelos quais o Governo Imperial condecorou-o. Eleito Presidente da
Câmara deste Município, em 1856, foi reeleito em diversos quadriênios e ainda
no atual ocupava o lugar. O finado foi também eleito Deputado Provincial em
mais de uma Legislatura, e exerceu outros Cargos de nomeação do Governo. À sua
família os nossos pêsames.”
O Tenente
Coronel Pedro José Pereira Castello Branco casou-se em 1842 com sua prima D.
Teresa Antônia Feitosa Castelo Branco, em São José dos Inhamuns (Tauá), terra
de seu sogro, onde passou a residir. Como Delegado e Comandante da Polícia,
manteve uma conduta de austeridade, energia e dureza, chegando mesmo a praticar
excessos, o que lhe valeu o apelido de “Pedro Cru”. Sofrendo, então, tremenda
perseguição por parte de familiares de sua esposa, os Feitosas, em 1853 voltou
para Baturité onde fixou residência, sendo eleito Presidente da Câmara, cargo
que ocupava quando a Vila foi elevada à categoria de cidade.
Deste
casal descendem muitos baturiteenses de projeção. Foram seus genros os
comerciantes João Correia Lima (casado com Anna Augusta Castelo Branco),
Balduíno José de Oliveira, Porfírio Gurgel do Amaral, Francisco Bezerra de
Menezes Soares, o professor Manuel Egídio da Costa Nogueira. São seus
descendentes os Taumaturgos, Pinheiros, Falcões, Severiano Maciel, Paiva e
Silva, Soares Arruda, Mattos Brito e tantos outros. O ministro Waldemar Falcão,
o advogado Lauro Maciel, Érico Paiva, o Coronel Mário Ramos, os irmãos Luiz e
Carlos Soares Arruda, todos descendentes de Pedro José Castelo Branco, e de sua
mulher, Dona Theresa Antônia Feitosa Castelo Branco.
Outro
filho de Manuel Felipe Pereira Castelo Branco que muito se destacou na história
de Baturité foi o Coronel JOÃO PEREIRA CASTELLO BRANCO, nascido em Baturité em
1822. Casou-se com MARIA DE OLIVEIRA CASTELLO BRANCO e tiveram dez filhos. João
Pereira Castelo Branco foi quem terminou a construção da casa do Sítio São Luís
(iniciada por seu pai que mandou vir de Recife arquitetos holandeses
responsáveis pelo projeto dessa obra que levou em torno de vinte anos até ser
concluída).
O SÍTIO
SÃO LUÍS, em Pacoti, foi uma das mais ricas propriedades da Serra de Baturité,
onde João Pereira Castello Branco residiu com a família por muitos anos até o
seu falecimento em Baturité em 01/11/1900.