sábado, 26 de março de 2016

MERCADO PÚBLICO DE BATURITÉ - Mário Mendes Junior


Mercado Público de Baturité (V)

Publicado em abril 8, 2011 por Maninho

Na Travessa Mattos a pintura de um negócio novo vence o tempo. Bem vizinho à obsoleta esquina do Ruy, o mercado se aviva na figura de um bazar muito limpo e bem explorado.

Trabalhador, cuidadoso o dono, Dário Jardim, vivia com um espanador na mão e vassoura na outra e assim, espanando e varrendo, ele expurgava sujeira da loja, da calçada, e até da coxia.

Baixo, gordo, Dário dava ares de iracundo, isto, só aparentemente porque esta última característica não combinava com seu talento comercial. Se ele fosse enérgico no modo de negociar, com certeza, ele também sabia ser educado e diligente na hora de conquistar fregueses.

Dos fundamentos de sucesso do bazar mais chamava a atenção o modo proeminente de expor mercadorias. Diariamente Dário improvisava uma diversificada exibição de artigos dependurando-os na marquise da loja. Eram caldeirões, panelas, bacias, chaleiras, caçarolas, leiteiras, assadeiras, frigideira, formas de bolo, travessas, cuscuzeiras, canecos, bules, açucareiros e tudo mais que do alumínio se pudesse transformar.

Quando, no final dos anos 1940, os plásticos começaram a suceder o metal, decidido, Dário, toma o cuidado de atualizar o estoque com novos tipos de depósitos de mantimentos, escorredor de louças, escorredor de arroz, coberta de alimentos e, até, de penicos, afinal tudo já se fazia com a, então nova, matéria prima de petróleo.

Como toda casa especializada o bazar, igualmente, vendia objetos em ágata: pratos e papeiros; talheres: facas, garfos e colheres; peixeiras de todo tamanho, serrote de pão, afinal, um pouco de tudo.

Depois do Dário, sem poder mais se esconder dos rastros do “progresso” das chibancas, o mercado prossegue desfigurado pela dilapidaria das reformas disformes que só serviram para desfigurá-lo.

Armazéns especializados em gêneros: feijão, arroz, farinha, goma, açúcar, sal, milho, xerém, massa de milho; bebidas: cachaça, conhaque, quinado, vinho; temperos: vinagre, colorau, pimenta do reino, alho, cebola; produtos diversos: biscoitos, bolachas; sabão, querosene, cigarros, charutos, fósforos, fumo em rolo, fumo em maço e papelinho; doces: rapadura, tijolinho e batida; lataria: manteiga banha de porco, gordura de coco, sardinha, carne enlatada; Salgados: bacalhau, carne velha, peixe em maços;   remédios: melhoral, cibalena, cibasol, pílulas do mato, phimatosan, leite de magnésio, óleo de rícino. Estes foram os precursores dos supermercados, a saber: 

José Alfredo Pinheiro, o Mandioca, que, muito jovem, herdou o armazém do pai. Continuou e modernizou o negócio que uma vez em seu poder se incumbiu de suprir, do que fosse preciso a mãe Dona Carmem e os irmãos mais novos que não eram poucos.

Neo Vicente outro atacadista de peso que se deixou suceder pelo irmão Pedrinho Vicente, vendedor jeitoso, de muitos argumentos, que aumentou o negócio do irmão.

No ponto seguinte ao de Neo Vicente negociaram os irmãos Antonildo e Hildo Victor, os dois padrões de sucesso no comércio atacadista. Ambos traziam no sangue a cortesia herdada do pai, Seu Antônio Porfírio, e a honradez do tio Edmundo Victor, o poineiro do ramo exemplo, que souberam imitar.

O mercado proceguia no armazem do magrelo Ocinair, depois deste, na esquina negociou Luiz Senhor. Deste o ponto passou para a moderna Loja Astecao do Dr. Clóvis Amora Vasconcelos. No dobrar para a Rua Quinze seguia-se o negócio de Hildo Paixão, fabricante de calçados rústicos. Adiante a bodega do velho Zé Pinto Mesquita, fanfarrão amigo de todos que, em cem anos de vida, tornou-se tipo popular do lugar. O próximo permisionário era seu Otávio Barros, dono de sítio nas margens do Rio da Bomba, dali seu vizinhos eram os Francos e Dona Petronilia.

A esquina noroeste, recorda os irmãos Clélio e Cleto Barros.  Estes repassaram o ponto para Raimundo Viana Sobrinho, o agropecuarista, que na ocasião diversificou seus negócio com a moderna loja, “A Confiança”, de tecidos e muidezas. A mesma esquina foi repassada para o sempre lembrado Zé Airton Cardoso, o Jereissati Preto, chamado assim pela maneira como sabia ganhar dinheiro.

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Sobre Maninho

Mario Mendes Junior, bacharel em direito e empresário do ramo de representações, consagra a este site todo o tempo que pode roubar de sua estafante atividade, para, em estilo realista, escrever e trazer ao seu leitor, narrativas, próprias e de terceiros, que são verdadeiros contos de amor à Santa Terrinha.

Um comentário:

FamiliasCearenses disse...

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