segunda-feira, 10 de julho de 2017

BATURITÉ E A ABOLIÇÃO - Francisco Inácio Homem de Melo

Uma outra característica importante que marcou a singularidade, da cidade de Baturité foi a ausência de um rigoroso regime de trabalho escravo que implicasse no brutal tratamento dispensado àqueles que padeciam o jugo da escravidão. Ao se compulsarem os livros de lavra de cartas de alforria da Vila de Baturité constata-se que, com relativa frequência, os senhores proprietários de escravos os libertavam, inclusive nas décadas de 1850 e 1860. Assim procederam , os Silveiras do Candéia.
                No ano de 1856, o então presidente da Província do Ceará, Francisco Inácio M. Homem de Melo, ao passar pelas terras serranas de Baturité, escreveu em suas memórias:
                Atravessei diversas fazendas, muitas delas importantes. Não havia ali um escravo. Homens bravos, bem conformados, sadios, mostrando em seus movimentos a dignidade de um ente livre, apareciam-me de toda a parte, executando com desembaraço e alegria, os diferentes trabalhos da lavoura.
                E, com entusiasmo, acrescentava:
                Estas terras roteadas com tanto cuidado, brotando de seu seio os tesouros da abastança, não recolheram uma lágrima, nem ainda o sangue de do escravo as tornou para sempre estéreis. (Francisco Inácio Homem de Melo, Tricentenário da vinda dos primeiros portugueses ao Ceará(1603-1903), Fortaleza, Ceará, p. 297.)

(Franklin Távora e seu tempo – Cláudio Aguiar, p30)

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