Uma outra
característica importante que marcou a singularidade, da cidade de Baturité foi
a ausência de um rigoroso regime de trabalho escravo que implicasse no brutal
tratamento dispensado àqueles que padeciam o jugo da escravidão. Ao se
compulsarem os livros de lavra de cartas de alforria da Vila de Baturité constata-se
que, com relativa frequência, os senhores proprietários de escravos os
libertavam, inclusive nas décadas de 1850 e 1860. Assim procederam , os
Silveiras do Candéia.
No
ano de 1856, o então presidente da Província do Ceará, Francisco Inácio M.
Homem de Melo, ao passar pelas terras serranas de Baturité, escreveu em suas
memórias:
Atravessei diversas fazendas, muitas delas
importantes. Não havia ali um escravo. Homens bravos, bem conformados, sadios,
mostrando em seus movimentos a dignidade de um ente livre, apareciam-me de toda
a parte, executando com desembaraço e alegria, os diferentes trabalhos da
lavoura.
E, com
entusiasmo, acrescentava:
Estas terras roteadas com tanto cuidado,
brotando de seu seio os tesouros da abastança, não recolheram uma lágrima, nem
ainda o sangue de do escravo as tornou para sempre estéreis. (Francisco
Inácio Homem de Melo, Tricentenário da
vinda dos primeiros portugueses ao Ceará(1603-1903), Fortaleza, Ceará, p.
297.)
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