domingo, 11 de abril de 2010

Leonardo Castelo Branco - Herói da Batalha do Genipapo

Obs: A Familia Castelo Branco do Ceará é originária de 2 Portugueses: do Piauí de Francisco da Cunha Castello Branco e do Ceará de Matias Pereira Castello Branco.
Abaixo, transcrevemos a biografia de Leonardo Castelo Branco, Piauiense, descendente direto de Francisco da Cunha Castello Branco.

Marcus Silveira Castelo Branco.


Leonardo Castelo Branco.

Para se falar de Leonardo Castelo Branco tem-se que retroceder na história até século XVIII pesquisando-se por diversos historiadores que mostram divergências, não sendo o momento agora propício para essa análise, porém se conclui que o estudo da história e da genealogia não é obra acabada.

No livro: "A mística do Parentesco" do escritor e amigo Edgardo Pires Ferreira , no volume 4, encontramos que Leonardo é descendente do patriarca da família Castelo Branco no Brasil, o português Francisco da Cunha Castelo Branco que viveu e faleceu em São Luiz do Maranhão, tendo sido Capitão de infantaria do exército português. O autor cita ainda que mesmo sem documentos em cartórios, em 1700, este português recebeu uma sesmaria em Sto. Antonio do Surubim , hoje Campo Maior.

Leonardo, segundo o escritor Herculano de Moraes em seu livro: "Visão Histórica da Literatura Piauiense", 1ª edição,1997 diz:
"nasceu em 1788 na Fazenda Limpeza, na época pertencente à Vila de São João da Parnaíba, mais tarde integrada à Freguesia de Barras e , hoje, incorporada ao patrimônio do município de Esperantina".

Ao nascer recebeu o nome de Leonardo de Carvalho Castelo Branco. Era filho de Miguel Carvalho, fazendeiro e agricultor, e de Dona Anna Rosa Clara Castelo Branco. A mãe dele era sobrinha de seu pai sendo filha de Anna Rosa Pereira Tereza do Lago (tia de Leonardo).

Pelo casamento dos pais de Leonardo se constata a junção das famílias Castelo Branco e Carvalho, no Piauí.

Herculano diz ainda sobre Leonardo:" seu avô paterno, o Capitão-Mor Antonio Carvalho de Almeida, português da Vila de Linhares, foi o primeiro habitante do lugar que se transformaria no município de Batalha...

Desbravador, em 1706, deixa o local e constrói casa no outro lado do rio fundando ali a fazenda Taboca". Mais tarde, em 13/07/1739 seu filho Miguel de Carvalho e Silva (o pai de Leonardo) sendo legítimo herdeiro recebe o Sítio Boa Esperança com a fazenda Taboca.

Casou-se Leonardo com Judite da Mãe de Deus e, na Fazenda Limpeza, onde construiu casa e viveu com seus 9 filhos. Essa casa sucumbiu devido o abandono de seu proprietário que se dedicou as causas políticas.

A família de Leonardo foi constituída de grandes fazendeiros e de notáveis intelectuais e poetas tendo ele vivido em ambiente propício ao encontro das letras e cultivo das artes. O pai de Leonardo, Miguel de Carvalho, foi educado em colégio de Jesuítas tendo, dessa forma, repassado aos filhos uma educação humanística. Leonardo aprendeu português, latim, geografia, física e matemática.

O ambiente físico vivido por Leonardo é comentado por Herculano que diz: "viveu a paisagem humana e natural de suas nascentes, conheceu cada palmo do meio ambiente onde nasceu e viveu a geografia física do meio, a psicologia do caboclo".

Como se observa, Leonardo teve de um lado, um ambiente familiar, entre intelectuais e poetas; do outro, um ambiente ecológico cheio de plantações e gado, acrescidos pela convivência do homem trabalhador do campo, "o caboclo", sendo motivos suficientes para que ele tivesse desenvolvido sua tendência de escrever, de fazer poesias e prosas.

Analisando bem essas influências na mente de Leonardo, o escritor João Cabral, um dos primeiro historiadores literários, em seu livro "A visão Poética na Literatura Piauiense" comenta: "vê-se que a natureza privilegiada influiu decisivamente na formação daquela mentalidade ardente e caudalosa".

Leonardo aparece sempre junto a seu amigo Ovídio Saraiva em críticas de análise de historiadores que mostram como participantes do 1º período literário formado por uma geração cognominada de literatura popular e de terra com marca trovadoresca. Eram quase da mesma idade e tinham em comum: a origem portuguesa; nasceram ambos na Vila de São João da Parnaíba; tendências a liderar os que se consideravam libertinos e injustiçados; convivência com mocidade barulhenta e cheia de muita energia.

Tinha Leonardo 20 anos, na época em que o arcadismo sofria mudanças estruturais devidos o surgimento de uma nova filosofia que queria de volta a literatura de gregos e latinos.

A obra principal de Leonardo foi "A criação Universal", publicada no Rio de Janeiro em 1856 contendo 4.247 versos repleto de informações sobre mecânica e astronomia onde o autor, filosofando, tentou explicar investigações científicas para solucionar o problema do motor contínuo. Foi considerado o primeiro poeta brasileiro a fazer experiências de linguagem científica na poesia devendo isso a seu espírito criativo.

Essa obra é considerada como religiosa e explicativa das coisas do mundo nos deixando perceber a mente do autor voltada para um pensamento além dos chamados olhos d'alma a descrever o momento transcendência de sua própria alma que filosofando reconhece que existe o infinito e o plano do Divino Mestre. Talvez tenha escrito após conversa com Deus, em momento que se escuta o invisível no visível.

Escreveu outras obras menores, como: "Monólogo", poema que retrata o sentimento por liberdade diante do grito da Independência; e mais ainda "O ímpio confundido" e o “Santíssimo Milagre".

De um modo geral, Leonardo sofre, duras criticas de historiadores que dizem que ele não tinha qualidades de poeta e prosador e que sua obra foi publicada fora do Brasil.

Finalmente, João Pinheiro apresenta uma justificativa e diz: "a época em que foram publicados os Poemas de Ovídio Saraiva e a Criação Universal de Leonardo Castelo Branco, não havia literatura no Piauí, nem a menor possibilidade disto, em virtude de quase inexistência de escolas, jornais, bibliotecas e até mesmo de leitores".

Por que então quanta exigência em analisar o poeta e prosador?

Ainda bem que Herculano após estudos procura encontrar as virtudes comentando: "Leonardo o primeiro poeta brasileiro a tentar a poesia científica, escrevendo um longo poema, à moda dos épicos, aculubrando sobre o movimento de rotação da terra, a viela dos astros e sua influência no comportamento humano, a criação do homem e de Deus".

Além de poeta e prosador, Leonardo teve seu nome na história devido seu posicionamento político. Foi um homem notável pela sua rigidez de caráter e grande inteligência tendo vida atribulada e aventureira.

Na condição de homem destemido e possuidor de grande liderança tentou expandir o movimento da Independência do Brasil e esteve a frente da Batalha do Jenipapo em 1823, em Campo Maior, na qual morreram muitos brasileiros. Nessa ocasião, comandou verdadeira tropa em direção à Caxias do Maranhão levando criadores, fazendeiros, agricultores, domésticos desocupados e alguns soldados indo contra os objetivos Fidié.

Foi preso e levado para São Luiz - Maranhão e mais tarde transferido para Limoeiro em Portugal.

A vida é mesmo contraditória. Leonardo lutou contra injustiça ao seu povo e foi preso injustamente. Ele perdeu tudo aquilo que tanto batalhou para oferecer ao homem do campo: o aconchego familiar, o trabalho e a liberdade.
Entretanto, Leonardo foi homem de muita fé e com ações voltadas para Deus.

Seu espírito revolucionário talvez seja uma consequência da não aceitação da injustiça ao "caboclo", homem do campo com quem conviveu logo tempo tratando a todos com humanidade. Via a injustiça como algo desumano.

Desconhece-se alguma atitude dele contrária ao Bem.

No meio do sofrimento, como prisioneiro, soube recorrer à proteção de Nossa Senhora das Dores e prometeu-lhe quando liberto, mudaria o nome em sua honra e assim cumpriu, Quando recebeu a liberdade, com 35 anos, passou a chamar-se Leonardo de Nossa Senhora das Dores Castelo Branco.

Em 1833, após período de agitações políticas deixa o Piauí e vai estudar, em Lisboa, mecânica e astronomia onde dedicou-se a construção de um mecanismo de moto-contínuo tentado anteriormente por outro cientista. Apesar de ter estudo 10 anos, não recebeu nem um diploma o que lhe prejudicou muito quando voltou ao Brasil.

Morreu em 12/06/1873, com 85 anos, em Barras, no sítio Barro Vermelho sendo considerado um herói e o principal revolucionário da Batalha do Jenipapo.

OBSERVAÇÕES: Leonardo Castelo Branco é Patrono da Cadeira Nº 33 da APAL - Academia Parnaibana de Letras , ocupada por Yeda de Moraes Souza Machado a partir de 06/10/2009.
yedamsm
Publicado no Recanto das Letras em 21/09/2009
Código do texto: T1822031.

3 comentários:

yedamsm disse...

Obrigada por ter arquivado a biografia de meu Patrono da APAL/Academia Parnaibana de Letras.
Fico a sua disposição para outras informações. yedamsm@hotmail.com

Valdemir Miranda disse...

Sou a pessoa que mais informações tem sobre Leonardo, inclusive é meu tetravô, não sei de conhece meu trabalho LEONARDO UM HOMEM E SUA HISTORIA.
Estou concluindo uma grande genealogia sobre Leonardo e sua familia.

ana margarida arruda rosemberg disse...

Parabéns pelo seu blog. Senti falta de uma das famílias mais tradicionais de Baturité: A família Arruda. Sem dúvida, o seu blog seria enriquecido com a história desta família e sua contribuição para o crescimento de Baturité.