quarta-feira, 30 de julho de 2008

FRANCISCA CLOTILDE CASTELO BRANCO CORREIA LIMA

Por Rosângela Ponciano (19 de setembro de 2006)


FRANCISCA CLOTILDE BARBOSA LIMA foi poetisa, contista, dramaturga, romancista professora e abolicionista. Nasceu na fazenda São Lourenço, em Tauá, a 19 de outubro de 1862, filha de João Corrêia Lima e de Ana Maria Castello Branco.
Anos depois, mudou-se para Baturité, fazendo seus primeiros estudos com a professora Ursulina Furtado, por quem a poetisa, ao longo de sua vida, cultivou profunda admiração. Terminado o Curso Primário, foi a Fortaleza, chegando a ser, então, aluna do Colégio da Imaculada conceição.
Passado esse período escolar, dirigiu-se à Escola Normal onde fez vários testes tendo por finalidade lecionar nesta instituição. O resultado foi dos melhores. Com notas excelentes, bagagem cultural de alto nível e a inquietante juventude de uma mulher de vanguarda, Francisca Clotilde passou a ser, então, a primeira professora do sexo feminino a lecionar na Escola Normal do Estado do Ceará. Começa, oficialmente, a 12 de junho de 1882 a sua luta pela educação de qualidade em nosso país.
Colaborou em vários jornais do Estado, entre os quais: A QUINZENA, O DOMINGO, O LIBERTADOR E A EVOLUÇÃO.
Sua poética palavra equilibrava-se, sempre, na coerência existente entre a emancipação feminina, a política e a liberdade.
Criticava a submissão das mulheres ao fogão e a adoração das mesmas à apática vida entre quatro paredes a comentar prendas domésticas. Conclamava todas a se fazerem presentes às atividades políticas e culturais.
Resistiu ao sistema imposto pelos “poderosos”, entregando-se às mais ardentes causas abolicionistas.
Em 1902, publicou um livro que tratava de um tema bastante polêmico para a época: o divórcio. A relação existente entre pessoas que sistematicamente mergulham em profundos atritos, chegando ao ápice do desentendimento e da necessidade de separação. Assim é A DIVORCIADA, romance editado pela Tipografia Moderna, com 223 páginas.
Francisca Clotilde foi colaboradora assídua da Revista A Estrela, fundada em Baturité por sua filha Antonieta Clotilde.
No dia 05 de março de 1908 chega à cidade de Aracati, atendendo a inúmeros pedidos de personalidades aracatienses e a 09 de março do mesmo ano, funda o Externato Santa Clotilde, junto às filhas Antonieta e Ângela Clotilde. O Externato foi considerado por muitos como o melhor colégio misto de toda a região jaguaribana.
Um fato curioso chamava a atenção dos alunos: a maneira como D. Chiquinha - como era carinhosamente chamada – fazia os ditados. Ela saía andando entre as mesas, falando sobre determinado tema, sem que olhasse para qualquer papel ou livro. Ao terminar o ditado, os alunos liam em voz alta, o texto escrito. O que encontravam era uma verdadeira obra poética; uma profunda confissão de seu amor à natureza e às artes.
Francisca Clotilde continuava a colaborar na Revista Estrela, publicando inúmeros dramas e contos que seriam posteriormente executados por seus alunos no próprio Externato ou no Teatro Santo Antônio. Destacam-se, nesta fase: A Filha de Herodes, Santa Clotilde e Pérola do Bosque.
Devota de Santa Terezinha, freqüentemente fazia suas novenas, no que era sempre atendida recebendo, como sinal, uma rosa. Em certa ocasião, após concluir mais um ciclo de novena e não tendo ainda obtido o “sinal” como resposta, recebe a visita de um estranho portando uma encomenda endereçada à sua pessoa. Havia no pacote dois exemplares de livros, assim intitulados: O Último Adeus e A Recompensa do Céu. Dias depois viera a falecer em sua residência.
E foi assim, entre a mais pura essência cultural que viveu esta mulher de luta que soube galgar todos os obstáculos impostos pelos poderosos. Eu não ousaria dizer que ela morreu em 08 de dezembro de 1935, mas que completou mais um ciclo na trajetória que lhe compete na terra, em sua caminhada evolutiva.
Quem pensa que sua história termina por aí, engana-se. A partir da década de 70, Francisca Clotilde inova mais uma vez ao escrever - na espiritualidade - contos e poemas diversos, através das mãos do médium Chico Xavier. Neste período escreve dois livros infantis: Tintino e Natal de Sabina. Na literatura espírita, é comum encontrarmos sua contribuição através de abordagem com cunho evangélico. Não compete a mim, querer que o leitor aceite como verdade absoluta que a morte não nos impede de travar contato com os que permanecem na terra. Porém, não me cabe o direito de sonegar informações históricas que o próprio tempo poderá comprovar como algo extremamente importante para que a ciência desvende uma verdade que, até então, muitos desconhecem.

2 comentários:

Luiz Fernando BORTONE disse...

Aproveito esta grande oportunidade, de poder comentar sobre pessoa tão nobre e educadora, Francisca Clotilde, que hoje atraves da internet, tive o prazer de conhecê-la junto ao seu neto, que é o amigo e companheiro de minha mãe, o tammbém poeta, Archimedes Bezerra, filho de Aristoteles Duarte Bezerra, seu filho; professor, de literatura brasileira e francês, tendo lecionado em colégios da época Plinio Leite em Niteroi, Regina Celi no RJ. Tendo também lecionado no Colégio Filgueira Lima. Sendo também inspetor do ensino secundario no RJ.
A quem interessar, podemos nos corresponder.

Anônimo disse...

Gostaria de ter contato com Luiz Fernando BORTONE, amigo de Archimedes Bezerra, filho do poeta Aristóteles Bezerra. Estudo Vida e Obra de Francisca Clotilde e por conta disso, descobri o poeta autor dos versos abaixo:

JUVENAL GALENO (Autor: Aristóteles Bezerra, Transfigurações, 1938)

Exímio trovador foste sempre inspirado!
Que harmonia há nos teus versos de amor!
Com que satisfação, com que crescente agrado,
Eu leio os teus versos, imortal trovador!

Soubeste decantar o vaqueiro e o roçado!
Exaltaste a jangada e o heróico pescador!
“Cajueiro pequenino”, há de ser apontado,
Como o trabalho teu, de mais alto valor.

As lendas e canções da terra de Iracema
Merecem de ti, ora a estrofe e ora o poema,
Chegaram a inspirar-te esplêndidas canções.

Ler teus versos, - é ter-se arroubos de alegria,
É conhecer-se bem o poder da poesia
Que chega a comover os nossos corações!