ESTRANHA HOMENAGEM
sábado, 24 de abril de 2010
No alvorecer do dia sete de julho de 1942, em Baturité, na residência do cliente, na Rua Quinze de Novembro, lado do sol, poucos metros acima da Rua Hildo Furtado, o contador dava os últimos retoques na Declaração do Imposto de Renda da NOVA AURORA, loja de tecidos, chapéus, camas, colchões e miudezas da Rua Sete de Setembro. O guarda livro era José Maciel, cunhado e primo do dono da casa e da loja o Mario Mendes.
Terminada a missão os dois se aproximam do rádio. Ansiosos. Sintonizados na BBC de Londres, eles queriam escutar as notícias da Guerra da Europa.
A transmissão, direta para o Brasil, estava quase inaudível, por causa dos chiados e da zoada, lá de fora, porque, em plena madrugada, os comboieiros, aos gritos, estralavam os chicotes nas traseiras dos jumentos.
Os pobres animais com pesadíssimos caçoares arriados em cada lado das cangalhas, sem ninguém para controlar excessos, escambichados com tanto peso, traziam da serra produtos agrícolas destinados à feira.
Lá de dentro, da casa, de repente, ouvem-se gemidos nervosos da dona da casa. Ela estava em procedimento de parto. Os gritos de dor superam todos os sons, até que o alarido, pouco a pouco vai sumindo, e, enfim, dá lugar ao choro forte do segundo filho.
Quando dona Maroca Maciel de Paiva, a parteira, trouxe o recém nascido, todo asseado, e vestido num jaleco branco, para os primeiros afagos do pai, foi José Maciel quem primeiro falou:
- Este vai ser contador!
- Disso, não sei – respondeu o pai -, mas seu nome será uma homenagem a mim mesmo, Mario Mendes Junior!
Mário Mendes Junior
Um comentário:
Caro marcos castelo, sou Cezar colares de belem do pará e tenho notícias de que a origem de minha família é baturité no ceará. Gostaria de contactar para pesquisar a respeito. cezarcolares@hotmail.com
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