Escriptura publica de compra e venda que fazem o Capitão José Alexandre Castello Branco e sua mulher do Sitio São Luiz em cima da serra deste Termo e mais partes que comprarão do negociante Luiz Ribeiro da Cunha e sua mulher do Sitio Santa Anna que houverão por herança de seo finado pai e sogra e compra de diversos herdeiros, e de Manoel Gomes Barreto e sua mulher, Dr. Virgilio Augusto de Moraes, ao Coronel João Castello Branco, como abaixo se segue:
Saibão quantos esta virem, que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos e sessenta e nove, aos vinte e oito dias do mês de janeiro do dito anno, nesta cidade de Baturité, da Província do Ceará, em meo cartório foram presentes partes justas e concertadas, estipulantes e acceitantes, a saber como vendedores o Capitão José Alexandre Castello Branco e sua mulher Dona Francisca Alexandrina Castello Branco, representados por seo bastante procurador, o Dr. Virgilio Augusto de Moraes, e de outra comprador Coronel João Pereira Castello Branco, conhecidos de mim Tabellião e das testemunhas abaixo assignadas, do que dou fé e pelo sobredicto procurador foi dito perante as mesmas testemunhas, que seos constituintes são senhores e possuidores do Sitio Cana Brava, e hoje conhecido e denominado São Luiz, com todas as bemfeitorias n’eles existentes, digo, com todas as bemfeitorias n’elle existentes e mais partes annexas, do Sitio Castello que foi dos herdeiros de Mathias Rodrigues de Andrade, de Manoel Gomes Barreto e sua mulher, do Sitio Santa Anna que houverão por herança de seos finados Pai e sogros, José Victoriano Nogueira e sua mulher, e compra a herdeiros destes, exescp, digo, exceptuando somente tais partes dos herdeiros Raimundo Carlos de Albuquerque e orphãos, Luiz e Francisco, o qual extrema pelo Nascente com o comprador, herdeiros sobredictos Raimundo Carlos de Albuquerque, orphãos, e Belisario Barrolo digo, Belisario Barroso de Souza; pelo poente com Sitio Bilro, na divisão das agôas, subindo pelo riacho ate um jucazeiro e deste com a ponta da Serra em matta com o sitio que foi de Manoel Gomes no oitão da casa de José Bento, rumo direto ao rio e rumo direto ao cume do alto na divisão das agôas, pelo rio abaixo de um só lado até a passagem dos Nobres, para o Sul, e dahi uns pés de larangeiras, na divisão das agôas; e para o Norte com Bernardino José Pereira Pacheco e mais outro = mas conhecidas e constantes das respectivas escripturas que são entregues ao comprador, cujo sitio e partes e mais bemfeitorias n’elles constantes vendem como de facto vendido tem de hoje para sempre ao Coronel João Pereira Castello Branco pelo preço e quantia de treze contos de reis Importância que nesta data receberão em lettras que se acharão a dever ao mesmo comprador e desde já lhe darão quitação de pago para mais em tempo algum lhe ser pedido digo, lhe não ser pedido por si ou por seos herdeiros e todos jus, do mesmo, posse, Senhorio, e Servidão activa e passiva que em dicto Sitio, partes e bemfeitorias tinhão, traspassam ao comprador , portanto d’elles tomar posse, por si ou por autoridade de justiça e caso a não ser constituir possuidores em seo nome, podendo portanto possuil-os como seo que é, e fica por bem desta, e fica sendo por bem desta, e que seus constituintes promettião mais em todo e qualquer tempo a fazer venda firma e valiosae a defenderem ao comprador as chamar as authorias: e logo me apresentou a procuração do theor seguinte: Numero dois Reis Duzentos. Pagou Duzentos reis de sello. Baturite vinte e oito de janeiro de mil oito centos e sessenta e nove. Thaumaturgo. Procuração bastante o Capitão José Alexandre Castello Branco e sua mulher Dona Francisca Alexandrina Castello Branco. Saibão quantos este publico instrumento de procuração bastante virem que anno do Nascimento de Nosso senhor Jesus Christo de mil oito centos e sessenta e nove aos quatorze do mez de janeiro do dicto anno, neste Sitio de Sant’Anna do termo de Baturité, da província do Ceará, e casas do Capitão José Alexandre Castello Branco, onde eu Tabellião cim e sendo ahi presente o mesmo Castello Branco e sua mulher Dona Francisca Alexandrina Castello Branco, conhecidas de mim Tabellião e das testemunhas abaixo assignadas e perante as mesma disserão que constituíão seos procuradores ao dr. Virgilio Augusto de Moraes e Manoel Rodrigues Monteiro para especificamente assignarem escriptura de venda do Sitio São Luiz, ao Coronel João Pereira Castello Branco com todas as bemfeitorias que n’elles digo, qn’elle se acharem pertencentes a elles outorgantes; as partes do Sitio Sant’Anna que houverão por herança de seos finados pais e sogros, e compras, excepto três partes dos herdeiros Raimundo, e dois orphãos, comprehendendo no Sitio São Luiz as partes que forão dos herdeiros de Mathias Rodrigues de Andrade e Manoel Gomes Barreto e Sua mulher, cujas extremas constão das escripturas de compra e nota dada por elles outorgantes: concedo-lhe os poderes quanto em direito se requer para que em nome d’elles outorgantes como se presente se presente fossem, possão em qualquer Juízo ou Tribunal deste Império ou Reino estrangeiro defenderem e requererem Todas sua justiça, em Todas suas causas, tanto cíveis, como crimes, em que forem autores ou reos, portanto tratar dos termos de conciliação com qualquer pessoa que seja, para cujo fim lhes conceder os mais amplos e illimitados poderes: fazendo citar, demandar, penhorar, offerecer acções, artigos, libellos, embargos, recepções, contrariedades, provas, por suspeição, inquirir, contestar e reperguntar testemunhas, jurar decisória ou suppletariamente n’alma d’elles outorgantes e feixar esse juramento n’alma das partes parecendo-lhes, assignar os termos e autos necessários, protestos, contra-protestos e requerimentos, appelar, aggravar, embargar, interpor recursos de revista e tudo seguir até mor alçada; substabelecer esta, ou usar d’ella, revogar os substabelecimentos e fazel-os de novo, quantas vezes forem necessárias, podendo ficar com os mesmos poderes, e usar d’elles conjunctamente com as substabelecidas que também poderão substabelecer em outras, assignar termos de confissão, negação, louvação, desistência e composição, tirar sentenças, requerer sua execução, requerer inventário, assistir partilhas, requerer prisões, seqüestros, arrematações, adjudicações, licitações, solicitações, lançar nos bens do devedor e d’elles tomar posse, requerer precatórias com embargos de terceiros e jural-os; variar de acções, intentar outras de novo, ajuntar documentos e tronal-os a receber, receber dinheiro de quaisquer cofres, thesourarias, depósitos, bancos, e requerer finalmente todo seo direito no juízo eclesiástico em qualquer alçada; reservando somente para si a nova citação. E tudo o que fizerem de atos seos procuradores se substabelecitus in solidum promettem haver por firme e valioso por suas pessoas e bens. Assim a disserão, sendo testemunhas os abaixo assignados: Eu Raimundo Antonio de Freitas, Tabellião que a subscrevi e assignei de meos signais públicos e razo de que uzo. Em testemunho de verdade (estava o signal do publico). O Segundo Tabellião Publico, Raimundo Antonio de Freitas, José Alexandre Castello Branco, a rogo de Dona Francisca Alexandrina Castello Branco, Augusto Alexandre Castello Branco. Como testemunhas – Antonio Leopoldino de Brito, Francisco Pereira dos Santos. E pelo comprador me foi dicto que estava satisfeito com a venda que lhe era feita, e dava-se desde já por empossado do Sitio São Luiz e partes e elle annexas e todas as suas bemfeitorias, e por esse havia pago a siza como se vê de conhecimento o theor seguinte: Numero cento e quinze – Gomes – Colletoria do Município da Cidade de Baturité – transmissão de propriedade – Exercício de Mil oito centos e sessenta e oito a mil oito centos e sessenta e nove pholhas dezeseis do Livro de Receita fica lançada em debito ao actual colector a quantia de sete centos e oitenta mil reis que pagou o Senhor Coronel João Pereira Castello Branco e sua mulher os sítios denominados São Luiz, comprehendendo digo, na Serra de Sant’Anna comprehendendo as partes dos Sítios Sant’Anna e Castello, com todas as bemfeitorias n’elle existente. Município digo, com todas as bemfeitorias nelle existentes n’este município. Em vinte e um de janeiro de mil oito centos e sessenta e nove. O Colletor, João Lourenço Viriato de Vasconcellos, O Escrivão Antonio Gregório Thaumaturgo. Depois de escripta esta acta perante elles que reciprocamente a outorgarão, estipularão, se aceitarão e assignarão, e eu Tabellião como pessoa publica a outorgou a bem a bem dos mesmos, dos ausentes, e pessoas a que pertencer possa. Tendo a este acto presentes como Testemunhas – Francisco Pereira da Silva Junior, e José de Freitas da Costa. E a excepção e conhecidos de mim Raimundo Antonio de Freitas, Tabellião que a escrevi. Virgilio Augusto de Moraes. João Pereira Castello Branco, Francisco Pereira da Silva Junior e José de Freitas da Costa.
Emfé de Verd.e
Raimundo Antonio de Freitas.
Obs: com a valiosa colaboração de: Francisco Luiz Oliveira Nepomuceno (Xico Luiz).
Traz relatos que fazem parte da história das Famílias: Silveira, Severiano, Castelo Branco, Correa Lima, Maciel, Rego Falcão, Arruda, Pinheiro e outras que fizeram e fazem parte da história da Cidade de Baturité, Estado do Ceará, e suas ramificações por outros Estados do Brasil.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
domingo, 14 de fevereiro de 2010
ESCRITURA SITIO SÃO LUIZ - PACOTI
Escriptura que fazem e assignão Luis Ribeiro da Cunha e sua mulher Dona Maria Carolina Vieira da Cunha, por seos procurador Floriano Vieira Perdigão, do Sitio Cana-brava em sima da serra, e as partes que comprarão aos herdeiros do finado Mathias Rodrigues d’Andrade e sua mulher, com as benfeitorias que nelle se a charem, feita ao comprador José Alexandre Castello Branco, pela quantia de trinta e dous contos de reis de que pagou a Siza correspondente como abaixo se declara. = Saibão quantos esta virem que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos e cincoenta eoito, neste Sitio Santa Anna de Termo da Villa de Baturité Cabeça da Comarca da digo Baturité, em casas de residência de José Alexandre Castello Branco, a onde veiu eu Tabellião, e aos trinta dias do mes de junho do dito anno, edeu de ahi forão prezentes partes justas, havidas e concertadas, estipulantes e acceitantes, de uma como vendedores Luis Ribeiro da Cunha eSua mulher Dona Maria Carolina Vieira da Cunha, por seu procurador Floriano Viera Perdigão, e da outra como comprador José Alexandre Castello Branco, conhecidas de mim tabellião de que dou fé, epelo procurador dos vendedores foi dito em prezença das testemunhas abaixo assignadas que de hoje para sempre vender por parte dos constituintes o Sitio Cana-brava na Serra de Santa Anna com todas as benfeitorias que nella se achão, assim como casas, plantações, engenho de ferro, caldeiras, duas juntas de bois, moendas, e as partes das terras compradas dos herdeiros dos finados Mathias Rodrigues d’Andrade e sua mulher, cujos títulos os vendedores entregão ao comprador, não dando as estremas por estarem medidas no mesmo Sitio Cana-brava comprado a Feliz Antonio de Sousa Barros esua mulher, e a Manoel Gomes Barreto esua mulher, cujas estremas dignará o comprador na forma que se acha declarado nos respectivos títulos de compra que lhe são entregues por elles vendedores, cujas terras esuas benfeitorias vendem pela quantia de trinta e dous contos de reis que neste acto lhe foi entregue em letras pagáveis em prestações e recebidas por elle procurador dos vendedores, disse que porparte dos constituintes, desde já transfere no comprador todo o domínio, direito, acção, eposse que n’elle tinhão nu dito Sitio partes das terras esuas benfeitorias, elhe dá licença para com Authoridade dejustiça ordem della tome posse quando quizer do referido Sitio, partes de terras, esuas benfeitorias, ide a não tornar seos constituintes se constituírem em possuidores em nome do comprador. Disse mais que seos constituintes se obrigão afazerem esta venda boa e a defenderem ao comprador quando este os chamar a autoria, elogo me apresentou a procuração bastante de theor seguinte = Numero vinte e cinco Reis Cento iSessenta. Pagou Cento iSessenta reis de sello. Ceará vinte d’Abril de mil oito centos e cincoenta eoito. Gurgulino Raposo = Procuração bastante que fazem Luiz Ribeiro da Cunha, e sua mulher Dona Maria Carolina Vieira da Cunha. = Saibão quanto este publico Instrumento de Procuração Bastante virem, que no anno do Nascimento di Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos cincoenta eoito, aos vinte eoito dias do mês de junho do dito anno, nesta Cidade de Fortaleza Capital da Província do Ceará Grande ma casa de Luis Ribeiro da Cunha onde fui vindo eu Tabellião Publico, Senso ahi me foi presente o mesmo eSua mulher, bom conhecidos de mim Tabellião de que dou fé, epor elle me foi dito em presença das testemunhas abaixo assignadas que na milhor forma via de direto Constituem por seos bastantes procurador a Floriano Vieira Perdigão, Antonio Francisco da Silveira Junior, João Pereira Castello Branco, e Marçal Gomes da Silveira, aos quaes dão poderes especiais para fazerem a venda de seo Sitio em Santa Anna na Serra de Baturité a José Alexandre Castello Branco, pela quantia de trinta e dous Contos de reis, com o prazo de um a oito annos com todas as condições especificadas na Carta d’ordem que escrevem elles Constituintes nesta data. E a elles insolidem ou a cada de per si dá poderes para que em nome d’elle Outorgante possa em qual quer juízo ou Tribunal d’este Império e Reino estrangeiro requere toda Sua justiça em todas as Suas causas presentes ou fucturas, receber dinheiro de quais quer mãos, Cofres, Thesourarias, depósitos públicos, eparticulares; podendo tratar de conciliações perante os Juizes de Paz respectivo para cujo fim lhe concede os mais amplos e illimitados poderes; fasendo citar, propor acções, libellos, recepções, embargos, Suspenções, e outros quais quer artigos, contrariar das provas, inquirir e contestar testemunhas, jurar decisória ou supletariamente na alma delle outorgante, e deixar este instrumento na alma das partes, assignar autos, requerimentos, protestos e termos, a inda o de confissão louvação Desistência, aVerbar a quem for Suspeito, e assignar os respectivos artigos, apellar, agravar ou embargar qual quer Sentença ou despacho, eseguir aquelles recursos a inda nas Superiores instancias, tirar Sentenças, requerer aexecução dellas, Segrustros, embargos, penhoras, arrematações, adjudicações, eposse, etodas as precatórias necessárias vir com embargos de terceiro senhor ou possuidor, sem juntar quais quer documento, e tonal-as receber; variar acções, intentar outras de novo, substabelecer esta ou usar d’ella. E tudo quer for feito cobrado por elle procurador e substabelecidos insolidem promette por firme evalioso por sua pessoa ebens, reservando para si a nova citação. De como assim o disserão assignarão com as testemunhas abaixo.
Eu Miguel Severo de Sousa Pereira, Tabellião Publico que o escrevi e assigno em publico e raso de que uso. Em testemunho da verdade. O segundo Tabellião Publico Miguel Severo de Sousa Pereira, Luis Ribeiro da Cunha, = Maria Carolina Vieira da Cunha, = Bernardo José Pereira = José Joaquim de Sousa Vinhas. = E logo pelo comprador José Alexandre Castello Branco, foi dito que acceitava a presente escritura pela mesma forma que lhe era passada, i me apresentou o bilhete de Siza de theor seguinte = Como procurador das Arrematantes dos Impostos geraes d’esta Villa e Município fico recebido a José Alexandre Castello Branco a quantia de um conto novecentos e vinte mil reis, de Siza correspondente a trinta e dous contos de reis por quanto comprou o Sitio São Luiz a Luiz Ribeiro da Cunha, eSua mulher, por ter recebido passo o presente. Baturité trinta de junho de mil oito centos cincoenta eoito. Silveira Junior. = Depois de escripta esta eu Tabellião ali perante elles que reciprocamente outorgarão, acceitarão e assignarão, e eu Tabellião a outorguei e acceitei em nome doa ausentes e pessoas a quem pertencer possa, sendo a tudo presentes por testemunhas Francisco José Rodrigues Santa Baia, e Manoel Antonio Nogueira, todos maiores da excepção, e conhecidos de mim Antonio Rodrigues de Moura. Tabellião que a escrevi. = Floriano Vieira Perdigão = José Alexandre Castello Branco = Francisco José Rodrigues Santa Baia = Manoel Antonio Nogueira = Nada mais se continha em dita escriptura i ao livro de Notas nu reposto, escrevi i assignei com meos signaes rasos de que uso Neste Sitio Santa Anna no mesmo dia, mez, e anno assima declarados. Eu Antonio Raulino de Moura Tabellião que oescrevi e assignei.
Em fé de Verd.e
Obs: com a valiosa colaboração de: Francisco Luiz Oliveira Nepomuceno (Xico Luiz).
Obs: Tenente Coronel Manoel Gomes Barreto, português, casado com Dona Maria Pessoa da Silva, casada em primeiras núpcias com Victoriano Correia Vieira, um dos fundadores da Barra do Sitia. Victoriano era irmão do Capitão-mór Paschoal Correia Vieira, que foi avô de Antonio Pinheiro Castelo Branco, bisavô de Manoel Felippe Pereira Castello Branco e tataravô de Alexandre e de João Pereira Castello Branco.
Eu Miguel Severo de Sousa Pereira, Tabellião Publico que o escrevi e assigno em publico e raso de que uso. Em testemunho da verdade. O segundo Tabellião Publico Miguel Severo de Sousa Pereira, Luis Ribeiro da Cunha, = Maria Carolina Vieira da Cunha, = Bernardo José Pereira = José Joaquim de Sousa Vinhas. = E logo pelo comprador José Alexandre Castello Branco, foi dito que acceitava a presente escritura pela mesma forma que lhe era passada, i me apresentou o bilhete de Siza de theor seguinte = Como procurador das Arrematantes dos Impostos geraes d’esta Villa e Município fico recebido a José Alexandre Castello Branco a quantia de um conto novecentos e vinte mil reis, de Siza correspondente a trinta e dous contos de reis por quanto comprou o Sitio São Luiz a Luiz Ribeiro da Cunha, eSua mulher, por ter recebido passo o presente. Baturité trinta de junho de mil oito centos cincoenta eoito. Silveira Junior. = Depois de escripta esta eu Tabellião ali perante elles que reciprocamente outorgarão, acceitarão e assignarão, e eu Tabellião a outorguei e acceitei em nome doa ausentes e pessoas a quem pertencer possa, sendo a tudo presentes por testemunhas Francisco José Rodrigues Santa Baia, e Manoel Antonio Nogueira, todos maiores da excepção, e conhecidos de mim Antonio Rodrigues de Moura. Tabellião que a escrevi. = Floriano Vieira Perdigão = José Alexandre Castello Branco = Francisco José Rodrigues Santa Baia = Manoel Antonio Nogueira = Nada mais se continha em dita escriptura i ao livro de Notas nu reposto, escrevi i assignei com meos signaes rasos de que uso Neste Sitio Santa Anna no mesmo dia, mez, e anno assima declarados. Eu Antonio Raulino de Moura Tabellião que oescrevi e assignei.
Em fé de Verd.e
Obs: com a valiosa colaboração de: Francisco Luiz Oliveira Nepomuceno (Xico Luiz).
Obs: Tenente Coronel Manoel Gomes Barreto, português, casado com Dona Maria Pessoa da Silva, casada em primeiras núpcias com Victoriano Correia Vieira, um dos fundadores da Barra do Sitia. Victoriano era irmão do Capitão-mór Paschoal Correia Vieira, que foi avô de Antonio Pinheiro Castelo Branco, bisavô de Manoel Felippe Pereira Castello Branco e tataravô de Alexandre e de João Pereira Castello Branco.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
FAMÍLIA "DO RÊGO FALCÃO" DE BATURITÉ
...
Ao sair da “minha pobre casinha” mirei quase defronte as casas dos Rêgo Falcão, comerciantes da cidade, relembrando as distintas famílias.
O Cel. Francisco do Rego Falcão e Da. Conceição Castelo Branco, irmã da Professora de piano Da. Edwiges, que ensinava de graça a minha irmã Alzira, sua afilhada.
O filho mais velho do casal era o Waldemar, que acrescentou um Cromwell no nome, chamando-se Waldemar Cromwell do Rego Falcão.
Agnóstico até certa idade, com o que entristecia Da. Conceição, mito religiosa, tornou-se depois bom católico. Influente advogado do Banco do Brasil, político, Chefe de Policia do estado, deputado federal, Ministro do Trabalho e Presidente do Superior Tribunal Eleitoral. Ainda exercia este cargo, quando viajou para os USA à procura de tratamento médico especializado, ali falecendo.
Waldemar mereceu da cidade de Baturité uma elevada homenagem póstuma. O Prefeito Comendador Ananias Arruda, deu o seu nome à antiga Praça João Ramos, constituída de metade da grande e antiga Praça Alfredo Dutra, convivendo atualmente as duas em simbiose.
No lado da Praça Waldemar Falcão contíguo à Rua Sete de Setembro, o Comendador erigiu um bonito pedestal de granito e sobre ele o busto de bronze do homenageado.
Outro filho, o Edgard – apelidado de “cabeça de manga”, desde criança mostrava pendor para o comércio, tendo prosperado muito e emigrado. Outro – o Oscar, era uma rapaz muito moderado e estudioso. Foi representante no Estado da Bahia da grande empresa Bayer. Já é falecido, outro ainda – o Fernando, foi presidente do extinto Instituto Nacional do Sal. Por intermédio do Ministro Waldemar, requisitou-me ao antigo IAPI para servir no seu Instituto como Inspetor, função que exerci no Maranhão, chefiando dois fiscais. Tinha finalmente o Edmilson, promotor de Justiça, falecido no Rio, há um decênio.
Entre as filhas relembro a Dinorá, hoje viúva, técnica de educação, aposentada como Inspetora de Ensino do Ministério da Educação e Cultura: a Suzete e a Rosely.
Elas formavam um excelente trio que nas festinhas caseiras, em atraentes serestas, deliciavam os convidados e o numeroso “sereno”.
O piano de Dinorá exercia sobre mim uma influência a uirapuru e muito me embeveciam os cantos e recitativos das outras. Parece-me estar vendo a Rosely, ligeiramente estrábica e muito bonitinha, cantando em 1912, acompanhada pela Dinorá:
Recordo-me querida
Risonha e prazenteira
Qual vi a vez primeira
O meigo rosto teu.
........
Waldemar era casado com Da. Ademir Ribeiro, colega interna de escola de minha mulher Delcarlina Araripe. Era filha do Cel. Abel Ribeiro, industrial e comerciante maranguapense; irmã do livreiro Humberto Ribeiro, um dos maiores futebolistas que o Ceará já deu.
.....
A outra família era a do Coronel Manoel do Rego Falcão, casado com Da. Isabel Parente Falcão, natural de Sobral, que faleceu viúva aos cem anos de idade!
O Coronel era comerciante, estabelecido na antiga Rua do Comércio, perto da Praça Santa Luzia, lado oposto ao Mercado.
Foi assassinado em frente ao seu estabelecimento, por ocasião de um tiroteio ocorrido juma baderna organizada por seus inimigos políticos, na qual tomaram parte saliente os baturiteenses Francisco Mendes e Júlio Severiano. A justiça nunca apurou devidamente esse crime, para punir os responsáveis.
O filho mais velho do Coronel era o Edmundo, que sempre foi muito meu amigo desde a infância até há alguns anos quando faleceu aqui no Rio de janeiro. Foi funcionário do Banco do Brasil, nomeado em 1923, em Fortaleza.
Era casado com Da. Laura Ribeiro Falcão, filha do Sr. João da Mata Severo e Da. Amélia Ribeiro Severo, quixeramobienses. Tinha três filhos – Armando, Maria Laura e José.
O Armando – ex-Ministro da Justiça pela segunda vez, é tabelião no Rio de Janeiro; foi herdeiro de uma grande fazenda em quixeramobim, do espólio de seu avô materno, faro que os baturiteenses muito lastimam porque ele com essa fazenda como segunda residência, tem concorrido para o progresso da cidade, com sua operosidade e recursos financeiros, deixando de prestar a sua valiosa ajuda à cidade de Baturité, reduto das famílias Rego Falcão.
O Segundo filho foi o Francisco, representante no Ceará da grande organização Singer que dirigia de Fortaleza, onde faleceu.
O terceiro – Dr. Rubens do Rego Falcão que tenho a honra e o prazer de incluir no número dos meus amigos, reside em Niterói. È advogado, jornalista, técnico em educação e escritor, com diversas obras publicadas. Tem prestado valiosos serviços à Alta Administração do Estado do Rio de Janeiro, tanto na Educação como na Justiça. Foi duas vezes Diretor de Ensino e, por último, Secretário de Educação e Cultura. Aposentou-se quando exercia com brilhantismo o cargo de Consultor Jurídico da Secretaria do Interior e Justiça.
Rubens não descura das atividades literárias e sociais. È membro qui no Rio, da Casa do Ceará e do Centro Clóvis Beviláqua, do Instituto Histórico de Niterói, do seu xará do Rio Grande do Norte e sócio correspondente do xará do Ceará.
Vieram em seguida, o Manoel, coronel reformado da Força Pública do Ceará, e José Nestor, Delegado do Trabalho, residente em Fortaleza, e Maria Esther, ex-funcionária da Secretaria de Agricultura, falecida.
.....
(Págs. 137 – 140)
.....
Numa casa desta rua morou o Dr. Alfredo de Oliveira, que tinha uma filha muito apreciada pela rapaziada, porque era muito graciosa e usava trajes que salientavam a sua elegância, como a silhueta do violão.
O Dr. Alfredo, Juiz Substituto influiu, dizem que decisivamente, e erradamente, para o arquivamento de um processo criminal relativo ao assassínio do Cel. Manoel do Rego, autoridade policial e vereador municipal, num motim organizado por seus inimigos políticos.
.....
(Pág. 148)
Mundim de Baturité (Traquinices e Traquinadas) – Raimundo Barros Filho. Jowil Editora e Artes Gráficas, Rio de Janeiro – 1987.
Ao sair da “minha pobre casinha” mirei quase defronte as casas dos Rêgo Falcão, comerciantes da cidade, relembrando as distintas famílias.
O Cel. Francisco do Rego Falcão e Da. Conceição Castelo Branco, irmã da Professora de piano Da. Edwiges, que ensinava de graça a minha irmã Alzira, sua afilhada.
O filho mais velho do casal era o Waldemar, que acrescentou um Cromwell no nome, chamando-se Waldemar Cromwell do Rego Falcão.
Agnóstico até certa idade, com o que entristecia Da. Conceição, mito religiosa, tornou-se depois bom católico. Influente advogado do Banco do Brasil, político, Chefe de Policia do estado, deputado federal, Ministro do Trabalho e Presidente do Superior Tribunal Eleitoral. Ainda exercia este cargo, quando viajou para os USA à procura de tratamento médico especializado, ali falecendo.
Waldemar mereceu da cidade de Baturité uma elevada homenagem póstuma. O Prefeito Comendador Ananias Arruda, deu o seu nome à antiga Praça João Ramos, constituída de metade da grande e antiga Praça Alfredo Dutra, convivendo atualmente as duas em simbiose.
No lado da Praça Waldemar Falcão contíguo à Rua Sete de Setembro, o Comendador erigiu um bonito pedestal de granito e sobre ele o busto de bronze do homenageado.
Outro filho, o Edgard – apelidado de “cabeça de manga”, desde criança mostrava pendor para o comércio, tendo prosperado muito e emigrado. Outro – o Oscar, era uma rapaz muito moderado e estudioso. Foi representante no Estado da Bahia da grande empresa Bayer. Já é falecido, outro ainda – o Fernando, foi presidente do extinto Instituto Nacional do Sal. Por intermédio do Ministro Waldemar, requisitou-me ao antigo IAPI para servir no seu Instituto como Inspetor, função que exerci no Maranhão, chefiando dois fiscais. Tinha finalmente o Edmilson, promotor de Justiça, falecido no Rio, há um decênio.
Entre as filhas relembro a Dinorá, hoje viúva, técnica de educação, aposentada como Inspetora de Ensino do Ministério da Educação e Cultura: a Suzete e a Rosely.
Elas formavam um excelente trio que nas festinhas caseiras, em atraentes serestas, deliciavam os convidados e o numeroso “sereno”.
O piano de Dinorá exercia sobre mim uma influência a uirapuru e muito me embeveciam os cantos e recitativos das outras. Parece-me estar vendo a Rosely, ligeiramente estrábica e muito bonitinha, cantando em 1912, acompanhada pela Dinorá:
Recordo-me querida
Risonha e prazenteira
Qual vi a vez primeira
O meigo rosto teu.
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Waldemar era casado com Da. Ademir Ribeiro, colega interna de escola de minha mulher Delcarlina Araripe. Era filha do Cel. Abel Ribeiro, industrial e comerciante maranguapense; irmã do livreiro Humberto Ribeiro, um dos maiores futebolistas que o Ceará já deu.
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A outra família era a do Coronel Manoel do Rego Falcão, casado com Da. Isabel Parente Falcão, natural de Sobral, que faleceu viúva aos cem anos de idade!
O Coronel era comerciante, estabelecido na antiga Rua do Comércio, perto da Praça Santa Luzia, lado oposto ao Mercado.
Foi assassinado em frente ao seu estabelecimento, por ocasião de um tiroteio ocorrido juma baderna organizada por seus inimigos políticos, na qual tomaram parte saliente os baturiteenses Francisco Mendes e Júlio Severiano. A justiça nunca apurou devidamente esse crime, para punir os responsáveis.
O filho mais velho do Coronel era o Edmundo, que sempre foi muito meu amigo desde a infância até há alguns anos quando faleceu aqui no Rio de janeiro. Foi funcionário do Banco do Brasil, nomeado em 1923, em Fortaleza.
Era casado com Da. Laura Ribeiro Falcão, filha do Sr. João da Mata Severo e Da. Amélia Ribeiro Severo, quixeramobienses. Tinha três filhos – Armando, Maria Laura e José.
O Armando – ex-Ministro da Justiça pela segunda vez, é tabelião no Rio de Janeiro; foi herdeiro de uma grande fazenda em quixeramobim, do espólio de seu avô materno, faro que os baturiteenses muito lastimam porque ele com essa fazenda como segunda residência, tem concorrido para o progresso da cidade, com sua operosidade e recursos financeiros, deixando de prestar a sua valiosa ajuda à cidade de Baturité, reduto das famílias Rego Falcão.
O Segundo filho foi o Francisco, representante no Ceará da grande organização Singer que dirigia de Fortaleza, onde faleceu.
O terceiro – Dr. Rubens do Rego Falcão que tenho a honra e o prazer de incluir no número dos meus amigos, reside em Niterói. È advogado, jornalista, técnico em educação e escritor, com diversas obras publicadas. Tem prestado valiosos serviços à Alta Administração do Estado do Rio de Janeiro, tanto na Educação como na Justiça. Foi duas vezes Diretor de Ensino e, por último, Secretário de Educação e Cultura. Aposentou-se quando exercia com brilhantismo o cargo de Consultor Jurídico da Secretaria do Interior e Justiça.
Rubens não descura das atividades literárias e sociais. È membro qui no Rio, da Casa do Ceará e do Centro Clóvis Beviláqua, do Instituto Histórico de Niterói, do seu xará do Rio Grande do Norte e sócio correspondente do xará do Ceará.
Vieram em seguida, o Manoel, coronel reformado da Força Pública do Ceará, e José Nestor, Delegado do Trabalho, residente em Fortaleza, e Maria Esther, ex-funcionária da Secretaria de Agricultura, falecida.
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(Págs. 137 – 140)
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Numa casa desta rua morou o Dr. Alfredo de Oliveira, que tinha uma filha muito apreciada pela rapaziada, porque era muito graciosa e usava trajes que salientavam a sua elegância, como a silhueta do violão.
O Dr. Alfredo, Juiz Substituto influiu, dizem que decisivamente, e erradamente, para o arquivamento de um processo criminal relativo ao assassínio do Cel. Manoel do Rego, autoridade policial e vereador municipal, num motim organizado por seus inimigos políticos.
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(Pág. 148)
Mundim de Baturité (Traquinices e Traquinadas) – Raimundo Barros Filho. Jowil Editora e Artes Gráficas, Rio de Janeiro – 1987.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
PEDRO E JOÃO PEREIRA CASTELLO BRANCO
Estes dois irmãos, filhos de Manoel Felipe Pereira Castello Branco, nascidos em Baturité, receberam do Império, condecorações por relevantes serviços prestados.
João Pereira Castello Branco (Coronel), cavaleiro da Ordem Rosa.
Pedro José Castello Branco (Tenente-coronel), cavaleiro da Ordem de Cristo.
A Imperial Ordem da Rosa é uma ordem honorífica brasileira. Foi criada em 27 de fevereiro de 1829 pelo imperador D. Pedro I (1822 — 1831) para perpetuar a memória de seu matrimônio, em segundas núpcias, com Dona Amélia de Leuchtenberg e Eischstädt.
O seu desenho foi idealizado por Jean Baptiste Debret que, segundo discutido por historiadores, ter-se-ia inspirado ou nos motivos de rosas que ornavam o vestido de D. Amélia ao desembarcar no Rio de Janeiro, ou ao se casar, ou num retrato da mesma enviado da Europa ao então Príncipe.
A ordem premiava militares e civis, nacionais e estrangeiros, que se distinguissem por sua fidelidade à pessoa do Imperador e por serviços prestados ao Estado, e comportava um número de graus superior às outras ordens brasileiras e portuguesas então existentes.
De 1829 a 1831 D. Pedro I concedeu apenas cento e oitenta e nove insígnias. O seu filho e sucessor, D. Pedro II (1840 — 1889), ao longo do segundo reinado, chegou a agraciar 14.284 cidadãos. Além dos dois imperadores, apenas o duque de Caxias foi grande-colar da ordem durante sua vigência.
Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma antiga ordem honorífica brasileira, originada a partir da portuguesa Ordem Militar de Cristo, a qual por sua vez remonta à medieval Ordem de Cristo. Foi a segunda ordem imperial brasileira com mais titulares, logo atrás da Imperial Ordem da Rosa, e premiava tanto militares quanto civis.
O caráter religioso da Ordem residia também na necessidade da propagação e manutenção da Religião de Cristo a fim de “trazer a fé católica os idólatras e gentios” que em grande número ainda existiam no país. A Ordem de Cristo foi a condecoração mais concedida por D. João no Brasil: 3635 hábitos, 442 comendas e 7 grã-cruzes num total de 4084 mercês. Já durante o reinado de D. Pedro I foram 2630 as ordens concedidas.
A chancelaria que cuidava dos registros da ordem pertencia ao Ministério do Império. Destituiu-se de seu caráter religioso por meio de decreto de 9 de setembro de 1843. Foi extinta após a proclamação da república, juntamente com a maioria das ordens imperiais.
João Pereira Castello Branco (Coronel), cavaleiro da Ordem Rosa.
Pedro José Castello Branco (Tenente-coronel), cavaleiro da Ordem de Cristo.
A Imperial Ordem da Rosa é uma ordem honorífica brasileira. Foi criada em 27 de fevereiro de 1829 pelo imperador D. Pedro I (1822 — 1831) para perpetuar a memória de seu matrimônio, em segundas núpcias, com Dona Amélia de Leuchtenberg e Eischstädt.
O seu desenho foi idealizado por Jean Baptiste Debret que, segundo discutido por historiadores, ter-se-ia inspirado ou nos motivos de rosas que ornavam o vestido de D. Amélia ao desembarcar no Rio de Janeiro, ou ao se casar, ou num retrato da mesma enviado da Europa ao então Príncipe.
A ordem premiava militares e civis, nacionais e estrangeiros, que se distinguissem por sua fidelidade à pessoa do Imperador e por serviços prestados ao Estado, e comportava um número de graus superior às outras ordens brasileiras e portuguesas então existentes.
De 1829 a 1831 D. Pedro I concedeu apenas cento e oitenta e nove insígnias. O seu filho e sucessor, D. Pedro II (1840 — 1889), ao longo do segundo reinado, chegou a agraciar 14.284 cidadãos. Além dos dois imperadores, apenas o duque de Caxias foi grande-colar da ordem durante sua vigência.
Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma antiga ordem honorífica brasileira, originada a partir da portuguesa Ordem Militar de Cristo, a qual por sua vez remonta à medieval Ordem de Cristo. Foi a segunda ordem imperial brasileira com mais titulares, logo atrás da Imperial Ordem da Rosa, e premiava tanto militares quanto civis.
O caráter religioso da Ordem residia também na necessidade da propagação e manutenção da Religião de Cristo a fim de “trazer a fé católica os idólatras e gentios” que em grande número ainda existiam no país. A Ordem de Cristo foi a condecoração mais concedida por D. João no Brasil: 3635 hábitos, 442 comendas e 7 grã-cruzes num total de 4084 mercês. Já durante o reinado de D. Pedro I foram 2630 as ordens concedidas.
A chancelaria que cuidava dos registros da ordem pertencia ao Ministério do Império. Destituiu-se de seu caráter religioso por meio de decreto de 9 de setembro de 1843. Foi extinta após a proclamação da república, juntamente com a maioria das ordens imperiais.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
MANUEL DO RÊGO FALCÃO
Um Olhar Sobre o Passado
sábado, maio 30th, 2009
Na última semana de janeiro de 1912, Baturité viveu a rebelião mais radical e violenta da sua história: uma revolta simultânea à queda de Nogueira Acioli o oligarca, que governava o Ceará há mais de um lustro.
A cabeça da oligarquia, em Baturité, era o intendente coronel Alfredo Dutra, dono do GRUPÃO, espécie de partido político que possuía banda de música e jornal - O MUNICÍPIO. Na lei, o braço-de-ferro de Acioli era Manoel do Rego Falcão, delegado de polícia, que “tanto pela força do prestígio quanto pelo prestígio da força” ampliava o despotismo no maciço, porque, naquele tempo, o cidadão, para votar, precisava de certidões passadas pelo crivo do chefe policial, regra que tiranizava a vida do eleitor indefenso.
Com a capital em combustão, a insurreição baturiteense saiu de uma facção do Partido Republicano, denominada GRUPINHO, que também possuía uma charanga e um jornal o OITENTA E NOVE.
Tudo começa quando o telégrafo recebe a notícia de que as camadas médias de Fortaleza se aliam aos militares e dão um basta ao déspota. Dessa forma, o tirano renuncia. Em seguida pega um vapor para o Rio de Janeiro.
De boca em boca, célere a notícia rolava por toda esquina.
Os músicos do Grupinho ao tomar conhecimento do diz-que-diz difundido por todo canto, de imediato, chegavam ao bilhar com os seus devidos instrumentos. Logo uma concentração superlotou o anexo do bilhar - um botequim, paraíso dos que não tinham o que fazer ponto inicial dos cortejos, entrudos carnavalescos, das queimas de Judas e de outras gozações como o casamento da ‘’Pinca Julia’’.
Chico Mendes e Julio Severiano, os dois genros do coronel Raimundo Maciel, sendo o primeiro, sobrinho do major Pedro Mendes, organizam uma passeata em desagravo ao GRUPÃO.
À batida do bombo a charanga descerra um dobrado. O som da música engrossa a aglomeração que se prepara para uma marcha pelas ruas da cidade. A multidão, em desfile, passa em frente às residências das famílias mais tradicionais: Ramos, Pinto, Gonçalves, Mota, Maciel, Braga, dentre outras.
Barulhento, o bando, com um fogueteiro à frente, antes de atingir a Praça Santa Luzia, em invectiva, pára para discursos em frente ao armazém do delegado Manoel do Rego Falcão, ali mesmo na Rua do Comércio, hoje 15 de novembro, antes da Praça Santa Luzia, lado oposto do mercado, onde discricionária e inexplicavelmente também funcionava a delegacia de polícia. Por muito tempo senhor da situação para o delegado, que há tempo dominava com mão de ferro o poder discricionário, aquele movimento era insuportável.
Estando em casa, não se contendo, o valente delegado pega o “papo amarelo” e sai em direção à rua. Da porta do armazém, ouve alguém da multidão chamá-lo de bandido. Neste momento ele aciona o rifle. A bala engasga na agulha… Não detona. Em ação continuada, ouvem-se dezenas de disparos. Todos para o ar. Nenhuma pessoa é acertada… Logo após, um balaço solitário alcança o valente coronel, que atingido no pescoço tomba morto. (Falcão, Armando. Tudo a Declarar.).
Calou-se a música, cessou-se o pipocar de foguetes, acabou-se a algazarra. Enquanto alguns pararam para reverenciar o ilustre morto, a maioria prossegue cadenciada, mas em silêncio, no rumo da Praça da Matriz, chegados em frente ao prédio da Intendência – hoje prefeitura – o povo revoltado derruba Alfredo Dutra do poder.
A vontade popular se completa quando o mesmo o povo aclama para intendente municipal, o farmacêutico Joaquim Mattos, um homem moderado, de atitudes superiores, sem radicalismos, anverso a inimizades, portanto a pessoa certa para conduzir a população naquele momento de ruptura com o passado político do município.
"maninhodobaturité.com,br"
sábado, maio 30th, 2009
Na última semana de janeiro de 1912, Baturité viveu a rebelião mais radical e violenta da sua história: uma revolta simultânea à queda de Nogueira Acioli o oligarca, que governava o Ceará há mais de um lustro.
A cabeça da oligarquia, em Baturité, era o intendente coronel Alfredo Dutra, dono do GRUPÃO, espécie de partido político que possuía banda de música e jornal - O MUNICÍPIO. Na lei, o braço-de-ferro de Acioli era Manoel do Rego Falcão, delegado de polícia, que “tanto pela força do prestígio quanto pelo prestígio da força” ampliava o despotismo no maciço, porque, naquele tempo, o cidadão, para votar, precisava de certidões passadas pelo crivo do chefe policial, regra que tiranizava a vida do eleitor indefenso.
Com a capital em combustão, a insurreição baturiteense saiu de uma facção do Partido Republicano, denominada GRUPINHO, que também possuía uma charanga e um jornal o OITENTA E NOVE.
Tudo começa quando o telégrafo recebe a notícia de que as camadas médias de Fortaleza se aliam aos militares e dão um basta ao déspota. Dessa forma, o tirano renuncia. Em seguida pega um vapor para o Rio de Janeiro.
De boca em boca, célere a notícia rolava por toda esquina.
Os músicos do Grupinho ao tomar conhecimento do diz-que-diz difundido por todo canto, de imediato, chegavam ao bilhar com os seus devidos instrumentos. Logo uma concentração superlotou o anexo do bilhar - um botequim, paraíso dos que não tinham o que fazer ponto inicial dos cortejos, entrudos carnavalescos, das queimas de Judas e de outras gozações como o casamento da ‘’Pinca Julia’’.
Chico Mendes e Julio Severiano, os dois genros do coronel Raimundo Maciel, sendo o primeiro, sobrinho do major Pedro Mendes, organizam uma passeata em desagravo ao GRUPÃO.
À batida do bombo a charanga descerra um dobrado. O som da música engrossa a aglomeração que se prepara para uma marcha pelas ruas da cidade. A multidão, em desfile, passa em frente às residências das famílias mais tradicionais: Ramos, Pinto, Gonçalves, Mota, Maciel, Braga, dentre outras.
Barulhento, o bando, com um fogueteiro à frente, antes de atingir a Praça Santa Luzia, em invectiva, pára para discursos em frente ao armazém do delegado Manoel do Rego Falcão, ali mesmo na Rua do Comércio, hoje 15 de novembro, antes da Praça Santa Luzia, lado oposto do mercado, onde discricionária e inexplicavelmente também funcionava a delegacia de polícia. Por muito tempo senhor da situação para o delegado, que há tempo dominava com mão de ferro o poder discricionário, aquele movimento era insuportável.
Estando em casa, não se contendo, o valente delegado pega o “papo amarelo” e sai em direção à rua. Da porta do armazém, ouve alguém da multidão chamá-lo de bandido. Neste momento ele aciona o rifle. A bala engasga na agulha… Não detona. Em ação continuada, ouvem-se dezenas de disparos. Todos para o ar. Nenhuma pessoa é acertada… Logo após, um balaço solitário alcança o valente coronel, que atingido no pescoço tomba morto. (Falcão, Armando. Tudo a Declarar.).
Calou-se a música, cessou-se o pipocar de foguetes, acabou-se a algazarra. Enquanto alguns pararam para reverenciar o ilustre morto, a maioria prossegue cadenciada, mas em silêncio, no rumo da Praça da Matriz, chegados em frente ao prédio da Intendência – hoje prefeitura – o povo revoltado derruba Alfredo Dutra do poder.
A vontade popular se completa quando o mesmo o povo aclama para intendente municipal, o farmacêutico Joaquim Mattos, um homem moderado, de atitudes superiores, sem radicalismos, anverso a inimizades, portanto a pessoa certa para conduzir a população naquele momento de ruptura com o passado político do município.
"maninhodobaturité.com,br"
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
JÚLIO SEVERIANO DA SILVEIRA E MANUEL DO RÊGO FALCÃO
Um Certo Cabo Naurício
novembro 17th, 2009 - Publicado por: Maninho
A SUSPEIÇAO
A Revolução de 1930, distanciada do ideário tenentista, nomeou o civil Fernandes Távora primeiro interventor do Ceará. Desses que distribuem os privilégios do cargo de acordo com os interesses clientelistas, o dito, tradicional politiqueiro, também fazia uso da intransigência para acusar e perseguir aos que não rezavam pelos “estatutos” de sua facção política.
O diminuto período de oito meses em que esteve à frente do governo só lhe serviu para acossar, desarmar, prender e reabrir processos criminais esquecidos no tempo, principalmente, é claro, quando os incriminados não pertenciam seu grupo oligárquico.
Para falar a verdade, além de prejudicar os outros, tal interveniente nada realizou.
Sem mostrar a cara, em Baturité, ele resolve jogar duro com dois líderes da passeata de janeiro de 1912, durante a qual o delegado Manoel do Rego Falcão, foi morto com um tiro no pescoço. Um crime, perpetrado há justos dezoito anos, sem solução, por absoluta falta de provas da autoria.
Como as aparências do delito respingavam suspeição nos cidadãos Júlio Severiano da Silveira e Francisco Mendes Machado os dois não escaparam da sanha do justiçoso.
Vítima de pistolagem, Julio Severiano da Silveira enquanto bebia no bar do cinema local foi alvejado por um tiro que Antonio Ramos, arrendatário do referido bar, lhe deu à traição. Durante muito tempo prostrado pelo balaço que o atingiu na coluna, Julio, nunca mais se levantou. Depois de sua morte a viúva, dona Honorina Maciel Severiano, renunciando aos recursos familiares, mudou-se para Fortaleza, onde conseguiu, a duras penas, com o suor do seu rosto, educar seus filhos, Dr. Lauro Maciel Severiano e Laysce Severiano Bonfim.
O infortúnio de Francisco Mendes Machado saiu da caneta do implacável interventor: foi exonerado do emprego de Coletor Estadual.
Inapto para o comércio, depois da exoneração Chico Mendes, como era conhecido, fracassa como lojista e, em seguida, como dono de caminhão de cargas, dois negócios montados com a fiança do tio major Pedro Mendes Machado.
Depois de passar maus bocados em Baturité, pai de grande família, Chico Mendes só consegue, mesmo, ter uma vida digna quando se muda para Fortaleza, ocasião em que os sete filhos vão se acomodando em diferentes atividades de labor, principalmente, com a orientação da mãe Noemi.
Baturité - Praça Santa Luzia, Lado do Sol
janeiro 27th, 2010 - Publicado por: Maninho
Honorina Maciel Severiano, nascida em 1886, esposa de Julio Severiano da Silveira, (1884-1923), o ativista político que em 1912 organizou a passeata para comemorar o fim da oligarquia (1896-1912) de Nogueira Acioli. Em determinado momento dessa caminhada o delegado Manoel do Rego Falcão foi morto com um tiro no pescoço. Acusado de autoria do disparo Julio Severiano foi submetido a processo arquivado por falta de provas. Apesar de inocente, anos depois Julio Severiano foi justiçado com um tiro, à traição, que o deixou prostrado por muito tempo. Júlio e Honorina, enquanto casados moraram no anexo vizinho ao sobrado. (Sobrado dos Mácieis).
Site: www.maninhodobaturite.com.br
Obs: Apesar de opostos politicamente, Manuel do Rego Falcão e Júlio Severiano da Silveira, tinham ligações familiares. (Marcus Silveira Castelo Branco).
novembro 17th, 2009 - Publicado por: Maninho
A SUSPEIÇAO
A Revolução de 1930, distanciada do ideário tenentista, nomeou o civil Fernandes Távora primeiro interventor do Ceará. Desses que distribuem os privilégios do cargo de acordo com os interesses clientelistas, o dito, tradicional politiqueiro, também fazia uso da intransigência para acusar e perseguir aos que não rezavam pelos “estatutos” de sua facção política.
O diminuto período de oito meses em que esteve à frente do governo só lhe serviu para acossar, desarmar, prender e reabrir processos criminais esquecidos no tempo, principalmente, é claro, quando os incriminados não pertenciam seu grupo oligárquico.
Para falar a verdade, além de prejudicar os outros, tal interveniente nada realizou.
Sem mostrar a cara, em Baturité, ele resolve jogar duro com dois líderes da passeata de janeiro de 1912, durante a qual o delegado Manoel do Rego Falcão, foi morto com um tiro no pescoço. Um crime, perpetrado há justos dezoito anos, sem solução, por absoluta falta de provas da autoria.
Como as aparências do delito respingavam suspeição nos cidadãos Júlio Severiano da Silveira e Francisco Mendes Machado os dois não escaparam da sanha do justiçoso.
Vítima de pistolagem, Julio Severiano da Silveira enquanto bebia no bar do cinema local foi alvejado por um tiro que Antonio Ramos, arrendatário do referido bar, lhe deu à traição. Durante muito tempo prostrado pelo balaço que o atingiu na coluna, Julio, nunca mais se levantou. Depois de sua morte a viúva, dona Honorina Maciel Severiano, renunciando aos recursos familiares, mudou-se para Fortaleza, onde conseguiu, a duras penas, com o suor do seu rosto, educar seus filhos, Dr. Lauro Maciel Severiano e Laysce Severiano Bonfim.
O infortúnio de Francisco Mendes Machado saiu da caneta do implacável interventor: foi exonerado do emprego de Coletor Estadual.
Inapto para o comércio, depois da exoneração Chico Mendes, como era conhecido, fracassa como lojista e, em seguida, como dono de caminhão de cargas, dois negócios montados com a fiança do tio major Pedro Mendes Machado.
Depois de passar maus bocados em Baturité, pai de grande família, Chico Mendes só consegue, mesmo, ter uma vida digna quando se muda para Fortaleza, ocasião em que os sete filhos vão se acomodando em diferentes atividades de labor, principalmente, com a orientação da mãe Noemi.
Baturité - Praça Santa Luzia, Lado do Sol
janeiro 27th, 2010 - Publicado por: Maninho
Honorina Maciel Severiano, nascida em 1886, esposa de Julio Severiano da Silveira, (1884-1923), o ativista político que em 1912 organizou a passeata para comemorar o fim da oligarquia (1896-1912) de Nogueira Acioli. Em determinado momento dessa caminhada o delegado Manoel do Rego Falcão foi morto com um tiro no pescoço. Acusado de autoria do disparo Julio Severiano foi submetido a processo arquivado por falta de provas. Apesar de inocente, anos depois Julio Severiano foi justiçado com um tiro, à traição, que o deixou prostrado por muito tempo. Júlio e Honorina, enquanto casados moraram no anexo vizinho ao sobrado. (Sobrado dos Mácieis).
Site: www.maninhodobaturite.com.br
Obs: Apesar de opostos politicamente, Manuel do Rego Falcão e Júlio Severiano da Silveira, tinham ligações familiares. (Marcus Silveira Castelo Branco).
FRANCISCO DO RÊGO FALCÃO FILHO
RETIDÃO E AMOR FRATERNO
Francisco do Rego Falcão era o terceiro filho de uma irmandade de doze e atendia pelo carinhoso apelido de Chiquinho. Nasceu em 1855 no Aracati, assim como os demais irmãos.
Valdemar, seu filho, foi Ministro do Trabalho no Governo de Getúlio Vargas, na década de 1930. Os outros irmãos eram: Antônio, nascido em 1850; Rosa, em 1852; João, em 1857; Maria Joanna, minha avó, em 1858; Joanna, em 1859; Manuel, em 1860, avô do Armando, que foi Ministro da Justiça no Governo Geisel, na década de 1970; Justino em 1862; Benvinda em 1863; Felícia, em 1864; Rosa em 1865 e José em 1866.
Duas irmãs com o mesmo nome? Sim. Os primeiros filhos são do primeiro casamento com Da. Ernelinda Fernandes, que morreu na terceira gravidez. A Rosa, que nasceu em 1865 era filha da segunda esposa, Dona Ana Ribeiro de Almeida, nascida em Cascavel. Uma era Rosa Fernandes do Rego Falcão, conhecida por Rosinha e a outra era Rosa do Rego Falcão.
Todos os doze irmãos herdaram do pai a delicadeza, a afabilidade que não desce à bajulação, o caráter reto e firme, a capacidade de trabalho, a honra da palavra, o orgulho, o pouco riso (o gargalhar raro e baixo). Incrível, mas as mulheres também eram assim e isso se transmitiu para outras gerações, pois minha avó Maria Joanna, meu pai e sua irmã Maria também apresentavam esse mesmo comportamento.
Aos trinta anos, Chiquinho, após pesar os prós e os contras, chegou para os irmãos e falou:
- A Estrada de Ferro Baturité foi inaugurada e está funcionando. Em toda cidade onde termina uma linha de trem corre muito dinheiro; vou-me mudar para lá. Se alguém quiser ir comigo, é melhor resolver logo.
Os irmãos José, Manuel, Justino resolveram acompanhar Chiquinho. Foram os quatro, e lá se estabeleceram no comércio local, porém sem concorrerem entre si. Francisco e José tornaram-se sócios em uma loja de tecidos e depois constituíram família. Manuel e Justino, como sócios, estabeleceram-se no ramo de secos e molhados – compra e venda de café em grãos, milho, arroz, feijão, farinha, rapadura, fumo de rolo, bebidas, etc. – em grosso e no varejo. Ambos também constituíram família.
Maria Joanna do Rego Falcão, que ficara em Aracati, casou com o também aracatiense Manuel Fernandes de Carvalho, em 1883, e com ele teve três filhos: Eduardo (Eduardim), Maria (Mariquinha) e Rosa (Rosinha).
Em 1900, Manuel morre repentinamente, deixando a viúva e os filhos desorientados.
Mandaram um telegrama para o irmãos Chiquinho, pedindo para comunicar aos outros irmãos o luto. Poucos dias depois chega o irmão Francisco amenizando, com a sua presença, a aflição familiar. Agindo rápido, ele descobre que Manuel deixara um seguro e pressiona para que seja pago logo. Conseguiu. A Viúva recebe o que tinha direito e Francisco fala para a irmã:
- Fique com uma pequena quantia, para as despesas com o sustento nos próximos dois meses. Levarei o restante para fazê-lo render e, de dois em dois meses, mandarei dinheiro para a manutenção de vocês. Não se preocupe.
Procedeu como prometera durante vários anos. A viúva e seus três filhos aprenderam a lutar pela sobrevivência com parcimônia nos gastos, mas sem avareza.
Quando Maria Joanna avisou, por carta, que o seu filho Eduardo já estava empregado e a situação financeira em equilíbrio, Chiquinho foi a Aracati e mostrou, explicando, toda a contabilidade registrada desde o recebimento do capital inicial, os rendimentos e as retiradas bimensais. Do que sobrou, Francisco comprou uma casa para a irmã, em Aracati, entregando-lhe o restante.
A casa adquirida para a irmã, é a que foi tombada pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional, por se tratar de prédio antigo, com fachada de azulejo azul e branco, importado de Portugal no século XIX. Está localizada na Rua Cel. Alexanzito nº 712, como se vê na foto ao lado. Foi ali que nasci em 1928, eu e mais cinco irmãos. Somente os dois mais novos nasceram em Fortaleza.
O grande líder negro americano, Martin Luther King, várias décadas depois disse: “Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e retidão como um caudaloso rio”.
Eu também posso dizer que este meu Brasil, onde alguns têm vergonha de dizer que são honestos, não conheço registros históricos reais como os que foram vividos por esses meus antepassados, quando vimos correr um caudaloso rio de retidão e amor fraterno!
FONTE - Aracati: o que pouca gente sabe – Leônidas Cavalcante Fernandes – ABC Editora, 2006.
Francisco do Rego Falcão era o terceiro filho de uma irmandade de doze e atendia pelo carinhoso apelido de Chiquinho. Nasceu em 1855 no Aracati, assim como os demais irmãos.
Valdemar, seu filho, foi Ministro do Trabalho no Governo de Getúlio Vargas, na década de 1930. Os outros irmãos eram: Antônio, nascido em 1850; Rosa, em 1852; João, em 1857; Maria Joanna, minha avó, em 1858; Joanna, em 1859; Manuel, em 1860, avô do Armando, que foi Ministro da Justiça no Governo Geisel, na década de 1970; Justino em 1862; Benvinda em 1863; Felícia, em 1864; Rosa em 1865 e José em 1866.
Duas irmãs com o mesmo nome? Sim. Os primeiros filhos são do primeiro casamento com Da. Ernelinda Fernandes, que morreu na terceira gravidez. A Rosa, que nasceu em 1865 era filha da segunda esposa, Dona Ana Ribeiro de Almeida, nascida em Cascavel. Uma era Rosa Fernandes do Rego Falcão, conhecida por Rosinha e a outra era Rosa do Rego Falcão.
Todos os doze irmãos herdaram do pai a delicadeza, a afabilidade que não desce à bajulação, o caráter reto e firme, a capacidade de trabalho, a honra da palavra, o orgulho, o pouco riso (o gargalhar raro e baixo). Incrível, mas as mulheres também eram assim e isso se transmitiu para outras gerações, pois minha avó Maria Joanna, meu pai e sua irmã Maria também apresentavam esse mesmo comportamento.
Aos trinta anos, Chiquinho, após pesar os prós e os contras, chegou para os irmãos e falou:
- A Estrada de Ferro Baturité foi inaugurada e está funcionando. Em toda cidade onde termina uma linha de trem corre muito dinheiro; vou-me mudar para lá. Se alguém quiser ir comigo, é melhor resolver logo.
Os irmãos José, Manuel, Justino resolveram acompanhar Chiquinho. Foram os quatro, e lá se estabeleceram no comércio local, porém sem concorrerem entre si. Francisco e José tornaram-se sócios em uma loja de tecidos e depois constituíram família. Manuel e Justino, como sócios, estabeleceram-se no ramo de secos e molhados – compra e venda de café em grãos, milho, arroz, feijão, farinha, rapadura, fumo de rolo, bebidas, etc. – em grosso e no varejo. Ambos também constituíram família.
Maria Joanna do Rego Falcão, que ficara em Aracati, casou com o também aracatiense Manuel Fernandes de Carvalho, em 1883, e com ele teve três filhos: Eduardo (Eduardim), Maria (Mariquinha) e Rosa (Rosinha).
Em 1900, Manuel morre repentinamente, deixando a viúva e os filhos desorientados.
Mandaram um telegrama para o irmãos Chiquinho, pedindo para comunicar aos outros irmãos o luto. Poucos dias depois chega o irmão Francisco amenizando, com a sua presença, a aflição familiar. Agindo rápido, ele descobre que Manuel deixara um seguro e pressiona para que seja pago logo. Conseguiu. A Viúva recebe o que tinha direito e Francisco fala para a irmã:
- Fique com uma pequena quantia, para as despesas com o sustento nos próximos dois meses. Levarei o restante para fazê-lo render e, de dois em dois meses, mandarei dinheiro para a manutenção de vocês. Não se preocupe.
Procedeu como prometera durante vários anos. A viúva e seus três filhos aprenderam a lutar pela sobrevivência com parcimônia nos gastos, mas sem avareza.
Quando Maria Joanna avisou, por carta, que o seu filho Eduardo já estava empregado e a situação financeira em equilíbrio, Chiquinho foi a Aracati e mostrou, explicando, toda a contabilidade registrada desde o recebimento do capital inicial, os rendimentos e as retiradas bimensais. Do que sobrou, Francisco comprou uma casa para a irmã, em Aracati, entregando-lhe o restante.
A casa adquirida para a irmã, é a que foi tombada pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional, por se tratar de prédio antigo, com fachada de azulejo azul e branco, importado de Portugal no século XIX. Está localizada na Rua Cel. Alexanzito nº 712, como se vê na foto ao lado. Foi ali que nasci em 1928, eu e mais cinco irmãos. Somente os dois mais novos nasceram em Fortaleza.
O grande líder negro americano, Martin Luther King, várias décadas depois disse: “Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e retidão como um caudaloso rio”.
Eu também posso dizer que este meu Brasil, onde alguns têm vergonha de dizer que são honestos, não conheço registros históricos reais como os que foram vividos por esses meus antepassados, quando vimos correr um caudaloso rio de retidão e amor fraterno!
FONTE - Aracati: o que pouca gente sabe – Leônidas Cavalcante Fernandes – ABC Editora, 2006.
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