História da família Barros no Brasil
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A
família Barros teve entrada no Brasil pela Bahia, destacando-se Afonso
da Franca, "o velho", homem honrado e fidalgo de bom procedimento
segundo Frei Jaboatão, que veio para a Bahia em 1602. Era casado com D.
Catarina Corte Real, com quem tivera vários filhos.
Dentre seus filhos
destacam-se: João de Barros de Franca, que lutou nas guerras contra os
holandeses e faleceu solteiro; Margarida da Franca, primeira esposa do
grande Salvador Corrêa de Sá; Leonor da Franca, casada com Manuel
Gonçalves Barros, tiveram como filho Manuel de Barros da Franca, militar
que se destacou no Brasil e em Portugal, tornando-se fidalgo da Casa
Real, “em atenção ao seu grande valor, disciplina militar, e eqüestre
muita experiência da guerra”; Pedro Gomes da Franca Corte Real, alferes,
capitão de infantaria, mestre de campo, também faleceu solteiro.
O
pai de Afonso da Franca chamava-se Lancerote da Franca, tornou-se um dos
heróis que lutaram no cerco de 1625 em que os holandeses foram expulsos
da Bahia. Comandava a nau Caridade, sob as ordens de D. Fradique de
Toledo. Foi ele que levou até Recife a notícia da restauração da Bahia.
Morreu em Olinda, velho e doente, ainda disposto a lutar contra os
holandeses.
Um dos netos de Afonso da Franca destacou-se também como
herói. Trata-se de Manuel Gonçalves de Barros, chamado “Capitão Manuel”,
um dos chefes das guerrilhas feitas contra os holandeses sob o comando
do bispo D. Marcos Teixeira. Era casado com D. Leonor da Franca, natural
de Tânger.
Outro varão desta família chamava-se Gaspar de Barros de
Magalhães, fidalgo que viveu no Recôncavo baiano. Veio de Portugal
empobrecido, mas na Bahia amealhou riqueza, tornou-se homem de muitas
posses. Casou-se com D. Catarina Lobo de Barbosa Almeida, com quem teve
muitos filhos, ao todo cerca de 20, alguns bastardos.
No final do
século XVII vieram para a Bahia Manoel Fernandes de Barros, procedente
da Ilha da Madeira, casado com D. Cecília Soeira, e D. Maria de Barros,
procedente de Braga, Portugal, que aqui casou-se com João Borges de
Macedo. Destes dois casais se originaram os “Barros Soeiro” e os “Borges
de Barros”.
Os Barros foram mais numerosos na Bahia, havendo apenas
um pequeno núcleo em Pernambuco. Sabe-se que o donatário da malograda
Capitania do Ceará era Antônio Cardoso de Barros e que nem chegou a
colonizar as suas terras, tendo deixado como lembrança apenas restos de
uma fortaleza inacabada em Camocim, encontrados posteriormente em 1614.
Outro donatário fracassado foi João de Barros, que juntamente com Aires
da Cunha recebeu as capitanias do Rio Grande do Norte e do Maranhão.
João de Barros foi o famoso cronista português, que teve a malograda
experiência de tentar explorar suas capitanias por duas vezes sem
sucesso, em 1535 e 1555. Foi mais bem sucedido como cronista,
tornando-se um dos historiadores mais sérios e consultados de Portugal.
Em
Pernambuco, surgiu um Rodrigo de Barros Pimentel, casado com uma filha
de Arnao de Holanda, D. Maria de Holanda. Teve um filho com o mesmo
nome, casado com D. Jerônima de Almeida, de onde tiveram uma filha que
veio para a Bahia aliar-se com a família Lins. Não se sabe porque, mas
uma das filhas de Arnao de Holanda se chamava D. Brites de Barros, e não
trazia o sobrenome do marido que se chamava Antônio Coelho de Carvalho.
Tampouco trazia o sobrenome da mãe que se chamava Brites Mendes de
Vasconcelos. Talvez fosse uma homenagem ao padrinho. Naquela época era
comum as pessoas se batizarem depois de adultos e aí tomarem o nome do
padrinho, ficando como legítimo o nome registrado no batismo.
Um
outro Barros que se tornou famoso em Pernambuco foi o Conde da Boa
Vista, Francisco do Rego Barros, aristocrata que se formou em Paris e
manteve sempre um tônus de “grand seigneur”. Foi Presidente da Província
de Pernambuco a partir de meados do século XIX, fazendo de Recife uma
cidade comparável a algumas metrópoles importantes da Europa. Seu nome é
lembrado em Pernambuco como um grande patriota.
Dentre as mulheres,
destacamos a figura de Antonieta de Barros, nascida em 1901 em
Florianópolis, que na década de 20 tornou-se a primeira deputada negra
do Brasil. Intelectual e educadora, na primeira eleição em que as
mulheres puderam votar e serem votadas filiou-se ao Partido Liberal
Catarinense e elegeu-se deputada estadual. Usando o pseudônimo de Maria
da Ilha escreveu o livro Farrapos de Idéia.
É importante se observar
que não temos condições de afirmar de qual família se originaram os
Barros atuais, a não ser que se faça um rigoroso levantamento
genealógico das famílias atuais e seus entroncamentos com os ancestrais
do tempo da colônia. Isto não ocorre só com os Barros, mas com muitas
outras famílias, como por exemplo, os Souza, os Lopes, os Pereira, etc.
Diferentemente do que ocorre com os Cavalcanti que tiveram só um
patriarca da estirpe. No entanto, fizemos o demonstrativo acima para
aquilatar o valor desta família que trouxe também para o Brasil ricos
predicados morais, intelectuais e materiais.
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